sábado, 28 de agosto de 2010

Fae Rebellion




O nascimento de Angela Azov...

*Desperte, o frio se foi.* -... *Acolchoada em algo macio e confortável, com cheiro de tecido velho e enrolada em algo cinzento que a mantém aquecida. As peles que a envolviam foram trocadas por vestes largas e marrons, amarradas com uma faixa branca a sua cintura, uma bata. Bem diferente das florestas mortas e frias, pode se ver cercada por paredes de pedra. O chão é duro, mas também frio. O vento gelado ali não corre. Algo brilha bem próximo a ti e dessa coisa brilhante há calor. Labaredas quentes dançam dentro de um buraco na parede iluminando o recinto, alimentadas por pedaços de madeira. No topo do pequeno quarto, uma janela exibe serena a neve que insiste em cair. Mas cujo frio estava longe, agora. Lugar pequeno... Seria escuro se não fosse à chama brilhando na parede. Uma escada logo a frente da cama dá acesso a uma porta. Ninguém como tu ou como as pessoas que vira outrora. E nem sinal de seu senhor. Estava sozinha. Debaixo da porta, uma luz. E algumas sombras passam por ela, acompanhando o som de passos. Sussurros, vozes, poucas conversas. Havia gente por perto.*


*Eu desperto e sinto meu corpo aquecido numa sensação que não consigo explicar movendo meus pés cobertos e sobre algo macio que me conforta, mas me sento rapidamente quando em minhas lembranças encontro meu senhor, um tanto assustada percorro aquele lugar com meus olhos ainda abatidos e nunca vi uma parede ou mesmo aquilo que brilhava iluminando e aquecendo, curiosa me ergo e ouso aproximar uma de minhas mãos apenas parando quando sinto que me fere.*- Ai...*Sim, o fogo machuca, mas aquece, cozinha, ele cobra seu preço pelo afoitamento de quem deseja tocá-lo e agora eu descubro isso, ficando a caminhar por aquele lugar, ajoelhando diante das labaredas que dançam num buraco na parede e aquilo parecia me seduzir, sim eu amo o calor e como meu corpo fica quando diante dele, mas ainda tenho a imagem de ti em meus pensamentos.*- Meu senhor? *Perguntei quando as sombras pareciam passar pela pequena fresta daquela porta e eu não sabia como abri-la, o que seria uma porta? Então fico deitada sobre os degraus e tento inutilmente enxergá-lo medindo com minha mão ainda ferida o espaço e meu coração sofre, minha barriga dói e meus pés queimados pelo frio voltam a sangrar porque não consigo parar ansiosa por estar contigo, feito animal distante de seu dono.*



“- Ora essa, sem memória! Perdida em Azov, criatura boa, eu te digo, não é! - Não me parece ser diferente, mas não sei dizer. Parece nunca ter visto o mundo aqui fora. - As portas de Misdreavus se abrem, primeiro os lobos Nevid, e agora isso...? - Os Villian estão entre nós, Lazlo... - Espere, espere..." *E as vozes lá fora cessam.* - Eu ouvi algo... *As sombras que se movem pela luz embaixo agora despertam sons ocos de passos até formarem-se embaixo da porta. A grande porta de madeira se abre. Uma figura surge ofuscada pela luz.* - Ei...? *E, bem, não sou eu.* - Moça? *Uma delas veste roupas vermelhas e grossas. Nas costas tem preso um machado, como eu tinha. A voz dele é grossa e ele tem pelos vermelhos na cara... E nenhum na cabeça.* - Levante-se do chão, moça, está frio. O que faz fora da cama? *Ele se ajoelha, fazendo menção de tocá-la.* - Ela... *Outra voz soa e uma sombra aparece logo atrás.* - Ela não... Morde? *Esta muito menor, veste roupas largas e marrons, como as tuas. Esta tem pelos na cabeça, presos em duas longas tranças. Feições delicadas, voz aguda, bem semelhante a ti.* - A-aqui... *Ela carrega algo nas mãos. Uma espécie de tigela com algo fumegando. Também havia calor... E havia cheiro.* - Tens... Ahm... Fome? *E ela estende a tigela.* - Ora, Lazlo, a segure! Ela pode voar em cima de mim! *O homem agachado ri.* - Não seja boba, Marta. Está bem agora, mocinha... *Ele sorri de leve para ti.* - Tens um nome?
 


*Eu fico sobre as escadas e sinto frio porque são geladas, mas prefiro assim e quando esta se abre me assusto porque diante de meus olhos não te encontro e quem seria aquele? Nada respondo apenas o fitando e observando com a expressão confusa seus trajes e tudo que o cerca e escuto as palavras que me dizes, porém nem tudo entendo.*- Meu senhor, onde está meu senhor? Ele ficou junto do frio e sinto falta de seu calor, onde ele está porque ficou entre vocês, eu me lembro...*Eu pergunto e estranho quando vejo aquela fêmea, sim eu consigo distinguir o quanto são diferentes e sigo sentada sobre o chão, não me movo nem mesmo quando sinto o cheiro agradável e talvez meu corpo tenha acostumado com a fome porque na floresta branca pouco conseguia comer e tudo era gelado, restos que encontrava e desesperada comia movida pelo mais puro instinto e meus pés sangram manchando chão, ainda arroxeados, com rachados provocados pelo tempo que andei sobre a neve e a tigela daquela mulher eu não seguro, apenas meus olhos claros se movem tendo os fios dourados a encobrir parte do meu rosto de lábios ressecados.* - Fome o que seria? E nome nunca me deram, meu senhor perguntou se eu seria um fantasma, mas depois disse que sou real então seria eu moça? *Lembrei de como se referiam a mim quando aquela porta de madeira se abriu e angustiada desejo encontrar um nome, mas não mais que a meu senhor.*
 


- Seu senhor...? *O homem coça a cabeça, completamente confuso.* - Bem, eu... Não sei! Olha... Tu estavas perdida em Azov, pelo que me disseram... Se pertencia a algum Boyar, ele a abandonou lá! *A mulher o cutuca com um dos ombros.* - Será que ela fala de Kraisto? *Ele dá de ombros.* - Fome? Ora, fome é fome! Sabe... Ahm... Fome! Matas a fome comendo! *A mulher chega a rir de leve.* - Minha nossa... De onde saiu, mulher? Parece que... Acaba de nascer... *A luz que vem da porta aberta mostra uma terceira sombra.* - Deixem... *Ofusca um corpo que bem conheces. A voz é rouca, mas familiar... Reconhecer-me-ia.* - Eu cuido dela. [...]*Vestes negras escondem meu corpo, possuem barras e mangas também largas. Uma faixa roxa as prende na cintura e um capuz roxo eu coloco para trás. Meu rosto abatido como o teu e cansado, nestes olhos azuis saltam leves olheiras, mas estes lábios secos te dão um sorriso sereno.* - Heh... * Grandes e grossas sandálias fazem um som estalado enquanto desço as escadarias em tua direção. Parei a tua frente, me abaixando, de frente a lareira, para que me reconheça.* - O que temes? *Inclinei o rosto.* - Está bem, agora... *Sei o quanto saiu de Azov confusa, palavras para explicar-te não seriam o bastante. Eu as troco por um par de mãos enfaixadas que se estendem em tua direção, meus dedos se movem em menção de que se aproxime. Sinta meu calor... Queres tanto quanto eu. E flagelos e arranhões em meu rosto não apagam o quanto me sinto feliz em ver-te.*



-Perdida? Não, meu senhor não me abandonou, ele caiu sobre o frio e vocês apareceram...* Não entendo o que dizem e desconheço os risos, o que faz com que os lábios se movam provocando aquele som que vindos da mulher me despertam algo novo e seria a irritação porque pareço não dizer nada enquanto falo tudo e isso me deixa frustrada porque somente meu senhor poderia me compreender e eu as tuas palavras e meus olhos notam a terceira sombra e meus ouvidos te escutam claramente e assim ti reconheço e contigo aprendo novamente porque agora é minha boca que te recebe com um sorriso, o primeiro desde que te conheci e meus olhos abatidos como os teus se iluminam tão claros quanto meus cabelos emaranhados entre meus lábios ressecados.* - Meu senhor...* Te chamo e à medida que se aproxima de mim fico mais agitada, inquieta como uma criança prestes a receber seu mais precioso presente e o meu são conseguir ver teus olhos e escutar a voz rouca que me acalma e assim esqueço os outros que te acompanham e quando tuas mãos se erguem em minha direção não hesito saltando sobre teus braços, procurando alento entre eles, encolhida como se fosse me carregar, como se estivéssemos ainda na floresta branca.* -Temo não mais sentir teu calor meu senhor porque esta terra me assusta, eu falo e é como se nada dissesse porque não me entendem e eu não consigo saber o que me dizem, meu corpo dói ainda e não consigo saber porque, aqui, bem aqui...* Te explico o que me atormenta e entenderá quando mostro minha barriga e falo da fome, sei que contigo conseguirei aprender sobre tua terra, teu povo, porque confio em tuas palavras e somente nas tuas e o faço pois fora quem me salvou da morte.*



*Não contenho a expressão satisfeita ao ver-te pular em meus braços, e a envolvo com eles, és tão leve como outrora... Tão quente, agora.* - Pronto... *E com gosto a ergo em meus braços, como uma boneca grande, a aperto contra eles, deixando tuas pernas em volta de minha cintura. Um dos antebraços se apóia em suas nádegas, para que possa usar de assento. O outro apoio no chão, me levantando.* - Eu estou aqui. *Em seguida a levo a tua nuca, deixando sua cabeça deitada em meu ombro, tentando fazer com que, enfim, se acalme.* [...] *À noite bem mais tranqüila só nos é mostrada pela pequena janela no topo daquele frio quartinho. A neve serena mancha a janela, bem mais fraca do que quando estivemos lá fora.* - O que há com ela, senhor Kraisto? *A porta aberta revela um corredor com mais daquele brilho quente que a machucou, espalhados em pedaços de madeira, fazendo uma fila que segue até uma escadaria, onde alcança a vista.* - Eu não sei Lazlo... Eu a encontrei vestida em reles peles vagando sozinha por Azov... *Andei contigo até a cama onde estava deitada, me sentando nela. Tuas pernas ajeito deixando-a sentada de lado em uma de minhas coxas. Um de meus braços a envolve na altura da cintura.* Seria ela uma Vilinski...? *E, pego uma de tuas mãos, vendo-a levemente queimada. Logo presumo que tenha se encantado com o fogo e tentou pegá-lo. É confuso, isso não me surpreende... Mas ao mesmo tempo, sim. Porque ages como um animalzinho assustado? Não entendo... E nem eles.* - Me deixem com ela. Irmã Marta, me entregue isso... *E enquanto te ajeito com um dos braços... O outro toma em mãos a estranha tigela fumegante e cheirosa. A porta bate atrás de nós, e no lugar quente apenas a nós.*[...] -Vamos... *Mexer de leve em algo cremoso com um estranho objeto de metal.* - Abra a boca... *Algo cinzento e um pouco viscoso. Mas bem cheiroso.* - Mastigue... Engula. Vamos. *E levei até sua boca. Conheça o maravilhoso Mingau.*



*E eu me acalmo quando tu me envolves em teus braços e sinto teu cheiro, a voz rouca que consigo entender apoiando minha cabeça em teu ombro enquanto caminhas para cama em que despertei e devo mesmo parecer estranha, uma louca, insana tomada pela solidão fria da floresta branca, mas não, apenas nasci em outro mundo, pertenço à outra existência e pelo castigo de meu criador condenada a uma vida mortal e sangro como tu, morrerei como os teus, não tenho poder, nem força, sou apenas uma jovem como as que já conheceu e ao mesmo tempo única, porque nada sei de tuas terras e a pureza encontras em meus olhos azuis tão claros.*- Achei que pudesse tocá-lo, mas ele me feriu quando o fiz, porque meu senhor? Porque se me aquece, não entendo meu senhor me conforta e também irá me ferir? * Pergunto quando tu seguras minha mão queimada pelo fogo e fico a mover meus dedos sentindo os teus, contigo conheci tantas coisas e uma delas é o toque, aprecio tua pele e o mover de tua boca quando falas comigo e fico sentada sobre tua coxa, meus cabelos são longos, dourados caindo na altura de meu quadril, os fios finos escorrem sobre meu rosto e é assim que te observo, com meus olhos azuis perdidos entre eles.*- O que é isso? *Sim, te encho de perguntas por que anseio entender teu mundo e aprenderei rapidamente porque sou esperta, inteligente, mas ainda assustada quando estou distante de ti e tímida não chego a desviar meus olhos para os outros que estavam conosco naquele cômodo e abro minha boca quando aproxima aquele objeto de metal e mastigo e engulo como me pedires e sempre o farei, sentindo então o sabor que aprecio e atiça a fome que já me consome e assim achego meu rosto de encontro à tigela e tu podereis perceber minha agitação, pois não ouso tocar, mas ergo minhas mãos e logo as repouso sobre meu colo, inquieta esperando que novamente me alimente.*



- Não... *Calmamente vou respondendo tuas perguntas, não é um grande trabalho, e uma hora eu ia ter que fazê-lo. Mas eu apenas não seria o bastante, eu sei.* - Aquilo é fogo. Eu não sou fogo. *Mas estou tão bem aqui, agora, então... Por que não?* - O fogo não se controla. É apenas algo natural. Ele não pode escolher não machucá-la. Pessoas podem escolher não machucar. Pessoas como eu. *E encostei a colher morna na ponta de teus lábios, sorrindo de leve.* - E como tu. Aaah... *Faço menção de que abra a boca, antes de afundar a colher no doce fumegante e levá-lo novamente a sua boca.* - Isso se chama alimento. Comida. Serve para espantar a dor que sentias. Isso chamamos de fome... *E outra colherada levo ao prato, retirando-a e levando até sua boca.* - Cada vez que o dia passar irá sentir isso algumas vezes. Logo se acostumará. E quando acabar... *E começo a remexer o caldo com a colher.* - Vai sentir os olhos pesaaaados... *Sorri de leve.* - O corpo mole... E então vai querer algo macio e vai conhecer algo chamado sono. E vai desejar algo macio para descansar o corpo, como este aqui. *Apontei a cama em que estávamos sentados. Vendo-me de longe, talvez me achasse bobo. Mas eu mesmo não faço idéia do que achar disso tudo.* - Mas agora. Eu quero que me diga. *E voltei a olhá-la.* - Como foi parar onde a encontrei? Me diz que alguém a mandou para lá. Quem foi? Dizes-me que a chamaram de imperfeita. Quem? O que era perfeição para quem a julgou imperfeita? Diga-me o que lembra... Tudo o que lembrar.



*Meus olhos azuis e pertencem e acompanham cada gesto enquanto me explicas o que passo a entender porque como disse, sou esperta e com o passar dos dias notará que aprendo rápido precisando de uma única explicação e sozinha com meus pensamentos juntarei tudo como num grande quebra cabeça e assim formarei teu mundo que agora desconheço e minha boca também pertence a ti e se abre ansiosa a cada instante em que aproxima o objeto de metal e mastigo e engulo deixando meu rosto próximo da tigela porque ainda sinto fome, minha barriga dói e agora conheço o que me ensinas – alimento, fome, sono, cama macia – saberei quando sentir e aprecio tua terra onde as coisas podem ser nomeadas, apenas eu sigo sem nome.* -Meu criador mandou partir abrindo a fenda e assim cai sobre o frio na floresta branca como uma mortal, disse que sou sua mais imperfeita criação porque perguntei como seria sentir calor e como pertenço ao equilíbrio não poderia, pois em meu mundo não existe frio ou calor, os mantemos sempre com mesmo peso ou deixamos de existir, porque assim não mais existiria o equilíbrio e eu cai vagando em sua terra e me sentia triste até encontrar meu senhor com quem conheci o calor e aprendo sobre teu mundo, como agora que me explicas o que passo a entender e sinto medo que meu senhor também me ache imperfeita porque não quero deixá-lo, gosto do que sinto quando estas perto de mim, de escutar tua voz e o teu toque mesmo quando era frio eu apreciava...* Eu falo enquanto me alimentas e não te acho bobo porque desconheço o que seria, cada gesto teu eu admiro e sabes porque meu olhar não desvia do teu e meus lábios que aos poucos retomam a cor rosada se movem em sorrisos tão doces quanto o mingau que me ofertou e falo do que sinto por ti com a mais pura e até mesmo assustadora sinceridade, talvez quem escutasse dissesse que o amo, o que não seria mentira já que apenas sinto como me ensinaste, sinto sem medo quando contigo.*



*Então viestes de outro mundo. Incrível.* -... *Meu semblante assume uma surpresa contida quanto tuas palavras ouço. Estranhas coisas fazem sentido nesta minha mente tomada por lembranças. As histórias sempre dizem que as florestas Azov são os portões para Misdreavus, reino de Matushka. Dizem que neste reino há todos os tipos de Villinski que podemos imaginar. Creio então que irmã Marta não estava errada. Será uma Villinski? Condenada a ser uma reles humana por um crime que a meu ver parece tão... Pequeno.* -... * Logo que faço menção de falar, meus ouvidos se enchem com tuas palavras sobre mim mesmo, e elas me encantam. Sim, me encantam, talvez seja algo da humanidade que teu criador julgava imperfeita, sou apenas um escravo da fúria que guiava cruelmente com meu machado. Nos braços de Theus achei meu caminho, e a justiça tem sido meu credo. Mas... Nada disso me priva de sentir-me sozinho.* - Eu... *Aos poucos... Tímido.* - N-não... *Se forma um sorriso.* - Não me chame de meu senhor. Existe algo que talvez conheça. Nome... *E encostei minha testa a tua.* - O meu nome é Kraisto. É assim que deves me chamar. Pelo nome. E a meu ver... *E levei uma das mãos a teu rosto.* - Teu criador me fez um grande favor... *Levanto teu rosto com os dedos, a olhando.* - Pois tentou atirá-la ao esquecimento, mas a atirou direto em meus braços. E a meu ver... *E sorri de leve.* - Em ti, não há nada imperfeito. És boa pra mim... Assim.
 


*Eu escuto teu nome pela primeira vez e meus lábios novamente se movem num sorriso sutil e sinto tua testa encostando-se na minha e assim aprecio ficar com os fios dourados entre meu rosto de faces rosadas, pois agora não sinto mais frio ou fome, logo nem mesmo o abatimento de meus olhos terei mais e tudo porque encontrei a ti.* -Kraisto...*Repito tuas palavras e minhas mãos mantenho sobre o colo enquanto a tua afaga meu rosto, o ergue e meus olhos azuis seguem somente teus e escuto as palavras que aliviam minha alma porque descubro que para ti sou perfeita e não mais condenada a solidão serei e quem sabe agora não me encontro tão temerosa como quando abriram a porta e me deparei com rostos que não eram o teu.* -Também é bom para mim Kraisto e poderia me dar um nome? Porque começo a entender que tudo em teu mundo o tem, então não desejo mais ser o nada e disse que não sou fantasma, me chamaram de moça, posso ser chamada assim, moça? *Relembro algumas palavras que escutei, mas não sei como poderia me chamar e agora que existo em tua terra anseio em ser como os teus, para assim fazer parte de tua vida e se tudo tem nome, apenas ser o nada me parece pouco. Eu pergunto e como estamos tão próximos ergo uma de minhas mãos mornas que tocam tua boca e levemente contornam teus lábios enquanto falas e assim o faço para explorar o desconhecido e descubro que gosto de como são macios, úmidos, diferente do restante de tua pele e agora meus olhos fitam teus lábios à medida que meu dedo desliza pelo contorno perfeito, sim, assim é para mim, perfeito.*- Como chama? *Eu indago sobre tua boca e ainda te encherei de perguntas nos próximos dias e espero que tenha paciência porque sou curiosa e me sentindo segura ousarei fazê-las e te toco, sinto, cheiro, mas não conheço a relação entre um homem e uma mulher, não sei os limites e espero que tu me ensine porque teu corpo é atrativo para o meu.*



- Não. Moça não é um nome. *Tantas perguntas me fazes cujas respostas são tão simples que não existem e uma delas é este toque que me entregas, eu sei bem que tu não sabes o que significa, explicar-te seria duro, porque veja... Eles me agradam.* - Pensarei em um nome... *Mais do que qualquer sentimento, a sensação de ser forte, um trabalho que superar resistência que ganha, nada mais era tão difícil do que te por no caminho certo, e este não é ele. Não a meu ver. E meus pelos se arrepiam, chego a ter bem leves espasmos ao sentir teus dedos e entreabro meus lábios rachados. Calmamente deixei a tigela quase no fim embaixo da cama.* - Feche os olhos... *E não hesito quando uma de minhas mãos levo a tuas costas, arranhando-as de leve para cima e para baixo, enquanto a outra envolvo em teus ombros. Calmamente a puxa para mim.* - Assim... *E meus lábios encostei-me aos teus. Meus dentes se fecham entre um deles, mordendo-o de leve. Com vontade, faço a língua passar por teus lábios, roçando em seus dentes a procura da tua. A fogueira que baila nossas sombras juntas na parede. Seus galhos queimam, ela começa a diminuir.*
 


*Meu sorriso se estende, alarga quando te escuto dizer que pensará em um nome e ficarei ansiosa esperando por este dia, o de escutá-lo porque é para mim como sol para as plantas, essencial agora para que eu me torne como os teus e sim, estamos muito próximos e eu aprecio, meus dedos exploram tua boca e a sinto mais molhada quando entreabre teus lábios rachados e quando olhares em meus olhos saberá que não tenho medo, que gosto tanto quanto tu e não preciso entender, conhecer o que pode existir entre homem e mulher, sigo meu instinto e o que meu corpo sente e enquanto não tiver dor estarei contigo porque a temo depois que conheci a impiedosa floresta branca.*- Como quando tenho sono? *Te demonstro que sou esperta e logo entenderei teu mundo quando sozinha descubro o que me pedes e assim o faço sem hesitar porque confio em ti e sinto que puxas para perto e eu vou, sim, sentindo que tocas teus lábios nos meus e eu me assusto, porém fora uma sensação breve porque não afasto os meus apenas me encolho entre teus braços e acomodo tua língua entre eles e a sinto quando começo a mover meus lábios molhando os teus e o faço porque gostei e não sei por que, mas meu corpo quer mais e sim, tu sentirás minha língua macia, morna e minhas mãos que te apertam quando as repousa em tua cintura e tu pode não saber, mas acende algo em mim que eu desconhecia porque eu seguiria te amando mesmo se nunca me beijasse, seria fiel a ti, somente a ti meu senhor e única como nenhuma outra mulher porque o seria sem precisar me tocar, conceder nada em troca apenas teu calor em forma de abraços, mas agora me mostrou um caminho sem volta.*



*Luz que balança em labaredas de fogo mostra nossos toques em forma de sombras, há quanto tempo, não me lembro... Senti outro calor. Meu refúgio na fé, em missões me dadas uma após outra, sem tempo a pensar, ou não me conceder. Lembranças no lixo jogar, esvaziar a mente, me concentrar. Pouco tempo me resta para ver o tempo passar. O tempo não é nada aqui.* - Sshhh... *E desencosto meus lábios dos teus, sorrindo de leve.* - Isso... Chama-se beijo. Uma demonstração de afeto. Esta coisa que a faz sentir-se tão bem comigo. E tão bem me faz estando aqui. Esta coisa que me faz querer estar contigo e apenas contigo. Isto que sinto e sei que sentes, também. *A luz balança... Tremula. Sinto que esta fogueira não durará muito.* - Um nome... *Pensativo.* - Um nome... *Passo a mão por teus cabelos, os enrolando em meus grossos dedos.* - Que nome te cairia bem? *Algo em ti me deixa claro. A pele muito branca, estes cabelos dourados, lembram as muitas ilustrações nos vidros coloridos das capelas, seres alados bradando armas de fogo, soldados de Theus... Anjos. Sim, eu me lembro. Eisen, um reino daqui distante, tem um nome para meninas assim, como tu... Que se assemelham a anjos.* - Angela... *E voltei a olhar-te.* - Isto é um nome. Acha bonito?



*Quando afastas tua boca da minha a busco por um instante num toque breve e demoro para abrir meus olhos e quando o faço tens meu sorriso e uma de minhas mãos tocam teus lábios novamente porque agora não desejo apenas o calor do teu abraço, mas também dos teus beijos.* - Afeto, eu gostei de como o que sinto se chama e também do teu beijo porque parecia que eu havia deixado meu corpo e pertencia somente ao teu, foi bom como ser acolhida na floresta branca...* Sincera eu deixo exposto o que sinto sendo esta uma marca minha que ninguém poderá mudar pois aprenderei tudo sobre teu mundo, porém nunca serei totalmente como os teus, carrego algo em minha essência que ninguém encontrará nestas terras porque nasci em outra existência.*- Cairia bem? * Minha voz é sempre baixa, parecendo a de uma menina embora tenha o corpo de uma mulher, sim, sou pequena, mas mulher e sorrio com teus dedos grossos que prendem meus cabelos dourados e macios, deixando teus lábios e assim seguro tua mão com as minhas e a sinto tão forte, grande, diferente da minha ainda atenta ao que dizes e quando escuto o nome que me escolheu eu paro, meus olhos encontram os teus e em meu sorriso tu verias a resposta.*- Angela...Angela...Angela...*Eu fico a repetir porque gostei a ponto de me empolgar e agora conheço os risos pois assim que fico em teu colo, rindo baixo com meu rosto escondido entre os fios de meus cabelos.*-Meu nome é Angela, eu gosto meu senhor, gosto de ser chamada assim, Angela.



- Azov? *Aquela floresta morta possui tantas tristes histórias, não há ser vivo em Ussura que não sinta medo dela. Por isso, quando a vi, tive medo... Pensei ser um fantasma. Tantas perguntas sobre ti eu tenho, tu eras a máxima prova de que realmente há um mundo além deste, és um Villinski... No ocidente, possuem outro nome... Se não me engano, Fada. Por enquanto é uma doce menina, que tão feliz se agita com seu novo nome, e não hesito em rir enquanto meus braços novamente te pegam pela cintura.* - Então este é seu nome. Angela Azov. *Mais tarde, vivendo em Ussura, talvez arrancasse sustos e sinais da cruz por ter este sobrenome.* - Isso... *Mas não creio que devas se esquecer de onde veio para que um dia as pessoas saibam que até mesmo Azov pode esconder algo bom em suas mortas e geladas florestas.* - Agora... *Eu a tiro do meu colo, me levantando. Ainda contigo nos braços, a deito na cama.*- Tá vendo ali? *Apontei a janela.* - Logo vai sentir-se ligeiramente fraquinha. O sono vai chegar. E logo achará algo chamado dormir. Vai sentir piscando os olhos. E um bom tempo terá passado. *Acariciando teus cabelos, a cubro com os lençóis velhos.* - Uma luz vinda ali da janela irá acordá-la. E conhecerá algo chamado sol. Uma bola de fogo muito, muito maior do que aquilo... *Apontei a fogueira.* - Mas está fora do seu alcance. Não irá machucá-la. E assim que acordar. Novamente estarei aqui. *E me levantei.* - E a levarei para conhecer as coisas lá fora. Sim?



*Gosto quando me ergues em teus braços e apenas me entristeço porque me deitas sobre a cama macia e não a divide comigo, mas por quê? Como sabes eu não conheço o limite e para mim tudo pode ser possível, espero apenas nunca envergonhá-lo com meus gestos espontâneos repletos da mais pura inocência.* -Sim...*Eu respondo e meus olhos desviam para onde me indicas e vejo a janela e atenta como sempre serei escuto tuas explicações, sorrindo quando me afagas os cabelos me cobrindo e assim sinto meu corpo aquecido.*- Sol, meu senhor falou sobre ele e anseio vê-lo ainda mais se não irei me machucar e voltaremos a floresta branca? Se fores eu irei porque sempre o acompanharei, mas sinto medo quando estou lá e não gosto do frio porque sinto dor, podemos então ficar aqui ao invés de conhecer as coisas lá fora? *Te pergunto encolhida escondendo minhas mãos por debaixo das cobertas e meus cabelos se espalham sobre o colchão parecendo raios de sol e com meus olhos azuis te observo intensamente, existe desejo neles e apenas porque tu me mostraste o calor de tua boca.*



*Em meus olhos não escondo, igualmente a desejo... E como nos teus há dúvidas, o meu tem anseio.Difícil é deixar-te, eu sinto. Meus dedos passeiam por teu rosto, pousando a ponta dos dedos em teus lábios. Tuas palavras me fazem rir de leve.* - Tu não precisas mais voltar a Azov, Angela. Apenas eu preciso. *Aperto de leve as cobertas em teu corpo. Sei que tens muito a aprender, imagino que na mente tens apenas coisas confusas, me pergunto se tomá-la como minha é realmente o ato certo. Mas olhe para nós.* - Lá fora nem sempre é frio e há lugares bonitos, de forma que minhas palavras não podem mostrar-te. Irás ver. *Nesta hora, juntei nossas mãos, mesmo que as tuas estejam por baixo das cobertas. Inclinei meu rosto de leve, encostando minha testa na tua.* - Muito tempo teremos... *Meus dedos dançam de leve por teu rosto, pousando novamente em sua boca. Desconheces nomes, mas percebe sentimentos. Então faça isso agora.* - Teremos um para o outro. E há tanta coisa que ainda devo mostrar-te...*Perceba, quando uma de minhas mãos acaricia teus braços, por cima das cobertas. Perceba o flagelo cruel esta maldição de Legião que chamamos de carne... E perceba que igualmente a desejo. Que esta coisa inexplicável que sentes, podes ver em mim, também. Mas há outras coisas a serem feitas agora.*-Há vidas ali fora. Há pessoas como eu e tu. Elas estão em perigo... Como tu estavas sozinha em Azov. Correm o risco de serem mortas por outros daqueles bichos que vimos na floresta, lembra? *Selei nosso desejo com mais um beijo. Devagar, enquanto acaricio teus cabelos.* - Estarei de volta antes de amanhecer. Verás o quanto o sol é quente. E teremos o resto do dia inteiro apenas para nós. Eu e tu. Seja uma boa menina... *Repentina percebo a malícia em minhas palavras, chego a piscar os olhos, confuso, mas me dou conta... De que não desaprovo o que faço. É minha Angela.* - Durma bem. *Minha... Só minha.*[...]* Uma última olhada em ti, eu dou do topo da escada. Dói-me o peito deixá-la sozinha, e apenas me dou conta de que sinto isso agora. A noite inteira queria estar contigo, mas a vigia me espera. Os lobos de Nevid sempre viveram em Azov... Atacavam apenas desavisados dentro da floresta. Mas agora, por algum motivo, suas matilhas estão cruzando a floresta e atacando vilas com cada vez mais freqüência. E é meu dever investigar, foi o que me trouxe onde estamos agora. E esta noite, em minha mente tenho a ti. Decerto ela seria a mais longa que já tive.*


*Eu observo teu rosto enquanto fala comigo e meu sorriso é somente teu quando me tocas os lábios e fico encolhida sobre a cama macia e realmente sinto o sono que me ensinou porque estou no aconchego protegida com a tua presença e se pudesse dividir a cama comigo eu dormiria como num sonho de que não mais sairia.*- Então espero ansiosa para conhecer o que deseja me mostrar, mas não gosto de pensar que estará na floresta branca Kraisto, porque quando te vi caindo sobre o frio e os estranhos me levando eu senti dor dentro de mim e não era fome...* Sim eu falo da sensação da perda, do medo que aprendi contigo e chegara junto ao amor que agora tenho incondicional ao meu senhor, que embora seja Kraisto sempre o verei como meu senhor, uma serva? Não, porque escolhi estar junto a ti e sinto quando aperta as cobertas, encostando tua testa na minha, porque tenho o mesmo desejo de apertá-lo, como se pudesse entrar em teu corpo e nos tornarmos um somente e tu saberá disso porque meu peito arfa quando ficas assim tão próximo e tuas palavras atiçam a sensação que tenho, não que sinta apenas excitação, são belas palavras que alimentam o amor e é isso que sinto quando falas sobre nós.*- Eu nunca vou esquecer aqueles bichos, nunca...* Achei que não ganharia um beijo e quando penso nisso sinto tua boca sobre a minha e ansiosa anseio por mais e tu sentirá o quanto sou desejosa, inquieta quando provocas meus sentidos e ergo levemente a cabeça em busca de teus lábios, mas tu irás mesmo me deixar e algumas das coisas que diz eu não entendo ainda, talvez sonhe que estou sendo afogada por nomes porque é o que tenho em mente, um mar deles e meu olhar é teu e não o desvio suplicante enquanto te observo me deixar sozinha e quando fechas a porta eu me levanto e o faço sem dizer nada, apenas caminho de encontro a porta e sento sobre o chão encostando minha cabeça como se pudesse escutar um último som teu ou sentir o cheiro que gosto e ficarei assim por muito tempo, apenas retornando para a cama quando o impiedoso frio me castigar a ponto de não mais suportar e sem demora adormeço.*


Continua...










2 comentários:

  1. Olá, Flor, Borboleta, Farfalla e todos os outros nomes pelos quais atende esta promissora autora.

    Aqui é o Hayashi, do blog Hayashi no Ie.

    Agradeço por ter passado no meu blog, e peço as devidas desculpas pela rispidez do chat. Infelizmente, tenho q ser curto no que é postado ali. Imerecidamente aliás. Seu blog é novo? Devo voltar aqui mais vezes. XD

    E que tudo te vá bem!

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  2. Eu que agradeço por ter passado por aqui!
    E tenho visitado teu blog com frequência, como disse tenho jogado no cenário 7th sea e adorei a idéia de tuas traduções, aguardo ansiosa e volte sempre.
    Obrigada :*

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