quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Fae Rebellion

Segundo dia...


*Poucos dias e tudo parece comum, menos a mim, como bem sabia. Tão comum quanto à noite que cintilava com leves flocos de neve e por azar, eu estava lá fora.* -... *Vazio. O sibilar do vento, minha única companhia, e diferente de outrora, isso me incomodava, pois veja agora cada segundo é uma sina. Cada segundo uma eternidade longe dela.* -... *De alguma forma Theus permitiu que a neve parasse e até mesmo algumas nuvens se abrem, evento raro, a luz prateada que exibe uma graciosa lua vaidosa em companhia de tímidas estrelas. Empolgada ela brilha a meus olhos, sabe que muito tempo não pode ficar, pois o céu pertence à neve... Pertence a Matushka.* - tsc. *Estranho a mim mesmo quando me sinto irritado, isso não costuma ser difícil, a hora para passar não demora, quando dou por mim a mente vazia traz a manhã com clareza e sinto que nem ao menos a vi passar. De fato... Meus dias rápidos passavam e por azar do destino, agora cintilam... Bóiam mortos enquanto fico aqui fora. Quando dou por mim, estou caminhando em passos rápidos pelas ruelas sujas de neve, pelas casas com janelas apagadas em direção a capela.*[...]*Enquanto te olho assim, mil duvidas nascem, eu não sei como apenas um rosto pode me encher de perguntas.. Preocupações que sinto que não deveria. O dia todo ontem havia passado contigo, explicando pequeninas coisas, dando-a novas comidas, bem, estamos em uma capela. Não há mais do que pão, mingau e água... Meu sorriso parte quando penso que não sou o bastante para ensiná-la tudo o que deveria. Ora...* - Humpf. *Um suspiro triste, como a noite lá fora. Ajoelho-me tocando-te com a ponta dos dedos, Theus... Ela parece tão irreal. É teu mesmo este presente pra mim?* [...] *Toques no rosto talvez a acordem, e notaria que ainda não saiu o sol lá fora. Em vez dele, um par de olhos que bem conheces e meu semblante no escuro te olha, sem sorrisos. Piscando os olhos, confuso? Não... Admirado.*



*Sim o dia parece voar e não preciso de tamanha pressa e ontem ficamos juntos e apreciei o sabor do pão e saciei minha sede com água, descobrindo que meu corpo também precisará dela, foram tantos nomes que aprendi e poderei me lembrar de todos? Fico confusa, mas lembro de que estou contigo e nada temo, nem preciso porque como poderei te pedir o que desconheço? Não necessito de luxo, nem de belos vestidos, jóias ou banquetes, nunca meus olhos enxergaram nada disso e podes apenas me abraçar e aquecer com teus beijos, assim o amarei para sempre incondicionalmente mesmo se nunca me tocares intimidante pois para mim este toque não existe,sou assim simples e complexa...Mais uma noite e me deixas aquecida para velar pela vida dos que precisam de ti, assim como eu e fico com meus olhos pesados e não demoro a adormecer e estranhamente parecia ter se passado segundos quando senti teu toque Gelado.* -Meu senhor, és tu? *Pergunto quando minha cabeça ergo mantendo as mãos quentes por debaixo da coberta e verás meus cabelos soltos, ondulados pelas tranças, macios, cheirosos porque agora me banho e os escovo, entendo o que me ensinaste sobre ser e estar bela, melhor lição não poderia receber pois nunca mais a esquecerei.* - Não...Não vejo o sol, onde está? * Meus olhos se estreitam sonolenta quando percebo que a luz dourada não invade a janela, mas meus lábios te ofertam um sorriso quando amparo meu cotovelo sobre o colchão macio e me ensinaram que devo retirar aquela roupa quando me deito, deslizando o lençol sobre meus braços permito que veja minha camisola de tecido grosso, larga com as mangas longas e que levemente escorrega sobre a pele alva de meu ombro e posso quem sabe, mesmo sem saber, parecer mais mulher e menos menina e assim aliviar teus anseios, porque não tenho noção de idade, mesmo se estivesse diante de uma menina, esta te amaria como faço agora.*


*Tuas palavras ouço e não respondo se fosses letrada acho que pensarias que sou louco, pois meus olhos assim falam o quanto pareces tão... Irreal.* -... *No lugar de palavras levo minhas mãos a teu rosto, bem sabes que dormindo ou acordada não importa, um anjo a meus olhos sempre seria. E... Naquela noite comecei a me dar conta de que começo a não mais controlar meus impulsos e meus braços deslizam pela cama, devagar a enlaçando por cima das cobertas, e lentamente a puxo para que sinta o abraço de meu corpo frio, pois estive lá fora.* - Arr... *Talvez não entenda, então apenas sinta. Quando esfrego meu rosto com o teu, dando-te mais dos beijos que tanto gostamos e meus olhos sim... Descem a teus ombros pelados e abaixo a cabeça, dando leves beijos neles. Lábios secos... Beijos quentes, que sobem até o começo de teu pescoço. Desejo... Que logo que percebo, reprimo.* -... *Volto a encostar nossos rostos, fechando os olhos. Consumar este ato, unir minha carne a deste anjo, tornar essas tuas asas imaginárias vermelhas de prazer, a tentação se forma... Mas eu simplesmente não podia profanar a capela possuindo-a aqui. Tudo há seu tempo.* - Sol? *Rouca minha voz sai, mas serena.* - Sim, ainda não. Mas eu apenas... *Percebo que hesito, até então hesito. E pela primeira vez ganhei segurança.* - Não suportei ficar mais tempo longe. *Que de corpo e alma eu entre nesta dança, mesmo não sabendo direito o que tu eras, se não passava de um imenso sonho, quando esta chance Theus me daria de novo?* - Aliás... *E como adorava... Senti-la tão leve em meus braços enquanto a levanto assim. Enchendo teu pescoço de beijos, escondendo de leve o rosto por baixo de seus dourados cabelos.* - Hoje irás vê-lo chegar. *E a coloco no chão.* - Vamos arrume-se. *Naquela hora percebi que maior do que teu medo do desconhecido era meu medo de feri-la. Mas Theus não gostaria que presa ficasse. Era hora de conhecer o que há lá fora.*


*Sinto tuas mãos que me enlaçam e sigo de encontro aos teus braços, frios em contraste com meu corpo quente, mas não recuo, apenas minha pele que se arrepia e fecho meus olhos quando me beijas e os fios dourados se espalham por minhas costas, meus olhos pertencem a ti quando abertos encontram teu rosto que admiro e o sigo quando me toca o ombro, sim, uma sensação que desconheço esta que me concedes quando explora meu corpo que se encolhe e poderá escutar meu sorriso próximo de teus ouvidos e aprecio quando sinto teus lábios sobre meu pescoço deixando que minhas mãos que contornem os braços fortes, pelo menos repousam sobre ambos, sobre tuas vestes Geladas.* - Eu fico aqui com o sono e depois durmo, quando abro meus olhos meu senhor já voltou, mas quando fui ontem ficar bela, senti uma dor aqui e medo quando me trouxeram para este lugar porque achei que estavam me levando para longe e eu quero ficar, ficar...* Te explico que sinto a mesma coisa, mas o faço sem hesitar porque sou assim e minha sinceridade pode assustar, mas isso talvez não mude porque nunca serei como as mulheres que conhece, pois minha essência não é humana e outra vez ouvirá, mas agora serão meus risos quando erguida no aconchego de teu rosto que arrepia a pele de meu pescoço e fico diante de ti com minha cabeça na altura de teus ombros, meus olhos procuram os teus e meus lábios sorriem ao encontrá-los deixando as cobertas para trás quando me dizes que veremos o sol.* - Eu quero vê-lo chegar...* Me empolgo e sabes que seria assim em todas as coisas, pequenas ou grandes e te mostro como sou inocente quando deixo minhas mãos pequenas sobre a camisola e num gesto talvez inesperado para ti, o tecido desliza pelos ombros e assim me encontro desnuda e não sei o que fará, porque para mim não faço nada de errado, confio em meu senhor e ainda perdida com aquele vestido que me deram me apresso, pois o frio me toca, enredada entre os cabelos longos, que me cobrem até altura do quadril e se me olhares verá que sou delicada e meus seios que parecem às vezes nem mesmo existir, na verdade são repletos de beleza, tem sua graciosidade, redondos e moldados com perfeição sobre a pele tão branca quanto à floresta fria que nos conhecemos.*


*Tentador com tuas formas vejo, o desejo do pecado aflora, em meus olhos demonstra perdido enquanto te olho, de fato, havia me lembrado que não sabias nada sobre pudor. A meus olhos... Nenhum. Neste corpo que ainda não devo tocar meus olhos com fervor percorrem. Tudo há seu tempo, Kraisto. Tudo.* - Sempre que distantes ficarmos, esta sensação vira. Eu também a sinto. Longe de ti, em minha mente fico me pergunto se estás bem a todo instante, e a todo instante anseio voltar para junto de ti. À distância isso nos causa... É chamado saudade. *Imprudente aos meus olhos e talvez dos outros fosse, tão cedo mergulhando neste mundo que fizemos, mas há algo de errado no que faço? Sinto-me tão feliz assim...* - Vamos... *Logo que se arruma, pego tuas mãos e a conduzo para fora, sem colo agora. De noite veja o corredor que anda as paredes grossas e frias com tochas a iluminá-las, pela vista alcança formas escuras, reflexos das chamas que dançam. Diferente de outrora, nos corredores agora, apenas eu e tu. Veja tuas botas soando no chão, pois barulho mais alto não há. Novamente passamos pelas grandes portas de madeira e podes ver a capela.* -... *Um arco de velas acesas ilumina uma estátua finamente esculpida em um grande bloco de pedra. Ela ilustra o olhar rigoroso e as mãos imponentes do primeiro profeta. Semi-entregue as escuras, paredes feitas de ásperos blocos de pedra e um salão com quatro fileiras de bancos de madeira. Um tapete vermelho marca no meio um caminho que termina em uma grossa porta dupla de madeira. No momento semi-aberto. Vitrais no topo das paredes refletem parcialmente uma noite triste de inverno. Para o outro lado contigo caminho, até abrir as grandes portas que marcam a entrada da capela.* - É de onde ele vem. *Desde que a busquei em Azov, até então, não a havia trazido para fora. Não sei se lembras ou se ao menos havia reparado, estamos dentro de uma grande capela. De fora, exibe sua construção feita de pesados blocos de pedra, com grandes vitrais coloridos que refletem pessoas. Muitas delas com asas e espadas, objetos de metal que usam para se degladiar. Uma soleira grande nos leva até uma praça circular cercada de vários casebres, também firmemente erguidos com blocos de pedra. Kuloi não era um vilarejo pobre. Tuas ruelas não são barro, suas casas não são simples madeira, exibe a beleza de um acabamento ortodoxo, muitas delas imitando pequenas torres pontudas como os adornos góticos da capela. Mas elas não são o que importa.* - Lá... *O céu ainda com muitas nuvens, me pergunto como se sentiria lá fora, sem paredes e nem velas, existia em ti a sensação de liberdade: De que há um grande mundo lá fora?* -... *Lentamente solto tuas mãos. Um passo dou para trás, para que fiques a minha frente. Este era o mundo. Bem maior... E mais belo do que as florestas Azov.*


*Eu não aço para te tentar e sei que sabes o quanto sou inocente e em meus gestos apenas sigo o aprendi contigo – Sinta – assim levo meus dias desde que te encontrei, não posso mudar o que sou e nem sentir o que desconheço e desajeitada coloco-me dentro daquele vestido, as botas calço porque conheci o conforto e o quente, não me agradas mais andar descalça e vou contigo quando seguras minha mão, os cabelos seguem soltos e enrolados, descabelados sim porque não os escovo, não existe vaidade em meu mundo e agora o sol me deixa ansiosa e pelos corredores eu escuto o som de minhas botas, desvio o olhar e fico próxima a ti, acompanho cada passo pelos lugares que já havia conhecido e que aos poucos se tornam minha morada também.* -Se é como me disse, então não gosto da saudade Kraisto, ela dói como o frio...* Minha voz quebrou aquele silêncio e seria como se tivesse pensado naquilo enquanto caminhávamos, porque somente agora comento o que sinto, tu não tem como saber o que passa em minha mente e meus olhos observam a porta que cruzamos e então me mostra o mundo e o que devo pensar? Para ti minhas feições estariam sérias, não teria a empolgação de quando conheci o sol, nem o medo de quando nos conhecemos e assim fiquei com meus olhos azuis inquietos percorrendo tudo que estava no alcance de minha visão, passos lentos, sim, um de cada vez, parecendo empacar testando tua paciência e somente espero que a tenha sempre comigo, que não se canse de minha ingenuidade... Nada digo, o silêncio retorna aos meus lábios e não chego a sentir que soltas minhas mãos porque fico a olhar na direção que me mostras e me sinto pequena, percebo que não conseguirei pertencer a um lugar tão grande, me assusta.* -Podemos voltar? *Tu escutaria minha voz pedindo e quando me viro em tua direção encontrará o temor em meus olhos e te procuro, me aconchego perto de ti e por quê? Porque aqui me sinto desprotegida como se aquelas criaturas fossem surgir, porque não conseguirei guardar o nome de tudo que meus olhos enxergam e aquela imensidão me faz sentir solta, sim, sinto a liberdade e ela me assusta.*


*Sinto a imensidão em teu rosto, sinta o vento correr livremente e que teus olhos girem, vendo tudo o que podes e quando retornem me veja lá. De braços cruzados, em cima da soleira, calmamente espero tua reação. Tuas palavras, eu já esperava. Ou melhor... Eu temia.* -... *E o olhar que me trazes, respondo sério e com silêncio, veja bem, não há sorrisos, não há abraços, não há aconchego de minha parte e bem sei disso. A noite toda... Pensando nisso... E sabia o quanto difícil seria para ti? Sim, claro.* - Podes voltar. *Para mim... Mais ainda.* - Mas para sempre não podes ficar. *O tempo, a mais clara sina, chegaria. Cansada ficaria daqueles muros e lugares diferentes, buscaria. E naquela noite enfim optei por um caminho que acho que temia. O quanto eu queria, Angela... O quanto queria fechá-la em nosso perfeito mundinho, vivermos dentro de paredes, ignorando o mundo e a vida.* - As paredes da capela são efêmeras, Angela. O tempo as levará. *Não sei se entenderás o que explico, mas eu não sei colocar de outra forma.* - Assim como... Levará este teu desejo de fechar-se onde já está. Acha que tudo será fácil daqui em diante? *E não me aproximo. Precisas olhar para baixo e ver que tem as próprias pernas.* - Acha que aqui fora não há coisas ruins? Sabes que sim. Por isso tens medo. Mas enfrentar o medo... *Lentamente desci as escadarias da soleira, caminhando lentamente em sua direção.* - A faz superá-los. Lembra-se da noite na floresta? *Um sorriso leve formou-se.* - Eu também tive medo de ir lá. O mesmo que sentes em teu peito agora. Mas eu fui... Eu precisava. E quase morri lá. Mas sabe o que minha coragem trouxe? *E agora sim... Abro o sorriso sereno de sempre.* - Me trouxe você. *Ao teu lado fico. E seguro tuas mãos.* - O desconhecido gera medo. Muitos nomes para dar... Muitas coisas para ver. Enfrentar esses medos sempre... Sempre valerá a pena. Valeram agora. *A tua frente fiquei. Ambas as tuas mãos peguei, enlaçando as minhas.* - E... Não sei se notou... *E começo a caminhar de costas, a puxando.*- Não vai caminhar sozinha. Nunca. Muitas coisas ruins vão tentar nos afastar. Muitas delas irão conseguir. Mas o sucesso delas não importa. *A serenidade aflora.* - O que importa é que para junto de ti, sempre voltarei.


*Tu me negas o aconchego que procuro e não ouso forçar aquele abraço fechado que me oferta, então fico diante de ti e minhas mãos se escondem na manga longa e macia do vestido, estão inquietas se movendo enquanto te escuto, meus olhos por vezes desvio, baixos a olhar para o nada, mas sempre acabo voltando de encontro aos teus e sinto que ficam úmidos como quando fui trazida para este lugar e para mim não será fácil, porque entenda, eu nasci e disseram que não servia e sem piedade me jogaram fora, aqui estou, rejeitada e ferida pelos meus tentando me adaptar entre os teus e quando pisei em tua terra conheci primeiro o frio, a fome, medo e enxerguei os olhos da morte naquela floresta fria, para mim não será um caminho fácil.*- Não, eu falo e eles fazem aquele barulho que não gosto, sinto dor quando minhas irmãs aparecem em meus pensamentos e gosto de lá onde fico te esperando, posso ficar, posso? * Te peço novamente para estar dentro das paredes daquele quarto e é simples entender meus receios porque lá sei o que devo aguardar, apenas a ti e aquela distância que me impõe machuca, não sabia que seria tanto apertando tuas mãos quando as segura e assim darei alguns passos contigo, tu sabes como serão, lentos, pausados, repletos de medo, mas eu sigo e verás meu peito arfando e como realmente sofro, como me sinto apegada a ti e deves imaginar que assim nunca crescerei, porque não poderei seguir em teus braços e sim caminhando ao teu lado, mas ainda não entendo isso.* -Não vai ficar longe de mim? Se me deixares não tenho para onde seguir e nem quem perguntar o que não conheço, tenho que ficar aqui sozinha? Queria apenas estar quando meu senhor puder também...*Mal escutaria o som fraco de minha voz e acho que será a primeira vez que enxergará lágrimas em meus olhos azuis, tão assustados como no dia que me encontrou, pois afinal ainda desconheço teu mundo porque acabas de me apresentá-lo.*


*Irmãs?* -... *Por um momento apenas suas palavras me confundem,interessante... Estava tendo lembranças. Atenção a elas daria depois.* -... *Levanto a cabeça, nuvens de fragmentação lanço ao ar, com um céu limpo raro em Ussura, então era isso. Tens medo de falhar. Julgar-se incapaz como a disseram que era. Eu simplesmente não tenho o que dizer-te. Talvez em um mundinho fechado, eu possa ser teu único e supremo herói, como fui às florestas Azov. O quão fácil seria nosso próprio mundo.* - Angela... *De teu medo compartilho, e difícil é pra mim mostrar-te o caminho.* - Este não é teu lugar. Assim como não é o meu. *Uma de tuas mãos novamente seguro. Limpei sereno tuas lágrimas e voltei a caminhar contigo pela praça circular.* - Um dia partirei. Outros lugares existem, outros trabalhos, outros problemas e outras alegrias. Sabe onde é teu lugar? *Sem olhar-te, sigo caminhando.* - Teu lugar é comigo. Para onde eu for. E não existe um mundo onde para sempre podes ficar sem medo. Ele existe... * E apontei o longe, o fim das vilas.* - Iria até lá comigo? *E sorri de leve.* - Contigo eu não tenho medo... Não mais. E sabe o que nos espera no fim? Olhe lá... *E com alívio sorrio, pois a sorte me chega com simbolismos. Nuvens de um céu escuro tornam-se brancas enquanto a neve com eles deflora, e o sol ganha o tom laranja e avermelhado, distante, apagando as tímidas estrelas. Algo brilha, querida, como grandes tochas de uma capela e esta chama se forma em um círculo que no horizonte brilha. Ainda tímido e oculto pelas nuvens, mas como um belo espelho, reflete nosso olhar.* - Por mais escuro e frio que esteja... O sol sempre chegará. *A luz avança aos poucos até alcançá-la. Com o calor que nenhuma tocha profere. Não machuca, apenas aquece, pela luz tocada.* - Para ti. *E apertei tuas mãos.* - E para mim... *E a virei para mim.* - Estamos juntos, agora.


*Sinto o afago que enxuga minhas tímidas lágrimas e seguro tua mão com força como se estivéssemos numa despedida e meus olhos ainda estão confusos, inquietos, curiosos e repletos de medo ainda mais quando te escuto dizer que partirá e sigo com meus passos lentos ao teu lado e aos poucos entendo o que me explicas, sim com tempo entenderei assim como será para todo o resto, um avanço lento e tu sabeis disso, porque sou como uma criança que acaba de nascer, mas sem tempo para crescer e preciso porque me exponho aos perigos nas pequenas coisas, pois até mesmo o fogo eu desejei acariciar.* -Sim, irei até onde me mostras e muito além meu senhor, até mesmo para floresta branca eu iria se me pedisse, se para sentir teu abraço e beijo eu precisasse, iria por que... Porque o mundo que mostra me assusta, mas eu quero ficar porque é aqui que Kraisto está e se não tivesse me achado eu estaria nos braços da morte e não aqui, então como poderia não ir contigo? *Escutará minhas palavras e as digo feito sussurros falando como nunca antes e notará que à medida que me ensinas eu me expresso, também poderei eu te ensinar algo algum dia? Para fito na direção que me pedes, porque desejo saber o que nos espera no fim e então me ofertas a visão do mais magnífico momento, este que não mais esquecerei e agora ansiarei pelo teu mundo porque quando sinto os raios quentes afagando meu rosto sinto medo se esvaindo como a neve.*- É... É como quando abro meus olhos e encontro meu senhor, belo e depois me beija e sinto calor, como sol Kraisto se parece...* Sim sigo te comparando a tudo que de maravilhoso conheço, será sempre tão importante para mim? Não sei por que somente agora as portas do mundo se abrem para mim, conheço um onde existia apenas meu senhor e agora tenho um espaço infinito diante de meus olhos, mas ainda nada me faz sentido se não estiver contigo, aperto então tuas mãos, sinto medo, porém com passar dos dias verá que aprendi mais esta lição e assim me viras e nossos olhos se encontram e meus lábios não conseguem sorrir como quando deixei a capela, mas te oferto um mover mais singelo ao procurar teu aconchego novamente.*


*E com orgulho sei que verei cada um de teus passos, assim como sereno recebo esta tua expressão confusa, apenas uma criança com medo do novo. Perguntas não tenho, embora dúvidas cresçam, de fato gostaria de saber o que tens em mente agora.* - Angela... *Me dou conta de que não me lembro de algum lugar...Alguma lembrança em que tudo para mim soou tão temeroso, em minha vida poucas vezes houve espaço para temer algo. Irônico, eu diria... Meus medos foram apagados pela única coisa que eu realmente temia.* -... *Mas o que faço, me perguntei naquela hora, havia um belo sol lá fora, pronto para esquentá-la, como raras vezes faz em Ussura, e ele logo se ia. Não era hora para más lembranças.* - Venha cá... * Me agacho, apoiado nos joelhos e de tão grande nem assim consigo ficar menor, mas meu rosto de frente a seu peito fica. Tuas mãos pego, as subindo lentamente até envolver seus braços em meu pescoço. A puxando para um abraço. E o brilho de nosso olhar, o sol ilumina. De tuas palavras compartilho, embora não retribua.Tudo tão novo, igual é para ti, talvez algum dia alguém tenha me importado tanto assim. Mas estamos no agora. E agora a meu lado apenas tu havia.* - Angela. *Um sussurro. Em uma sombra escura o sol nos transforma, para a visão bela de mais um dia. Havia mais algo. Apenas mais algo a dizer. * -... *Mas naquela hora, eu não tive coragem.*[...] - Senhor Kraisto? *Familiar esta voz. Para mim e para ti.* - Que raridade, hã? *O sol ofusca nossa visão até que ele se aproxime.* - Sol aparecer nesta época do ano... Talvez esta bela Dochka realmente traga uma boa sorte! *A careca brilha reluzente enquanto ele coça o cavanhaque ruivo. Ele não veste proteção para o frio, apenas algo de couro com marcas que imitam torso. Uma calça larga e botas grossas de pele, como as tuas.* - Bem, a bela Dochka agora tem um nome. Angela... *E ele sorri de leve, se aproximando de ti.* - Ora, um belo nome! Angela... *Ele parecia saber que a tudo temia, portanto não fez menção de tocá-la. Aos poucos, podes ver, as pessoas saindo de suas casas.Sonolentas, como tu estava, homens, mulheres e talvez algo que ainda não tenha visto.* - Olha mãe! *Um rapazinho miúdo corre pela neve apontando o sol que a cada vez mais brilha. As pessoas começam a brotar empolgados, admirando o sol que era raro em Ussura.* - veja... *Segurei tuas mãos.* - Há muitos outros. Como eu e tu. Mas diferentes, Angela...


*Escuto tua voz que me chama e sigo ao teu encontro, se abaixas diante de mim e minhas mãos contornam teu pescoço e assim observo as feições do rosto que admiro, os fios dourados agora se iluminam acariciados pelo sol e verás meu rosto de olhos azuis tão vivos e minha face que rosada me deixa graciosa e repetes meu nome me deixando confusa, meus lábios se movem num sorriso amável enquanto meus dedos te afagam o cangote, espero que aprecie meu toque que se embaraça entre os fios negros de teus cabelos porém nada dizes, por quê? Minha atenção então é roubada de ti quando aquele homem se aproxima e sim, me recordo dele, mas não sei como se chama e tímida não encontro os olhos dele, permaneço perto de meu senhor como se ele fosse uma ameaça, pois ainda tenho muito a aprender e possuo a timidez embora não saiba nomeá-la me aproximando ainda mais de ti parecendo desejar mesmo me esconder, pois percebo que muitos outros deixam aquelas casas e sim são tão diferentes, suas vozes se misturam em minha mente e me sinto agitada com tamanha informação que recebo em poucos instantes que ficamos de frente para aquele vasto mundo, como conseguirei entendê-lo? E então algo diferente para teus olhos irá acontecer porque me verás se afastando de ti e o faço quando enxergo aquele miúdo e não sei explicar o que sinto porque até mesmo quando nasci escutei de meu criador – Você tem algo que nenhuma outra possui – E não sei explicar, apenas sinto e algo cresce em mim quando acabo diante daquele pequeno, verá meus lábios sorrindo e até mesmo minhas mãos desejando tocá-lo e assustarei a todos assim? Irão rir de mim fazendo o barulho que me perturba? Pois sinto a vergonha quando o fazem e agora quando conheço uma criança me encontro encantada, acho que como deveria mesmo estar, sendo ela algo tão puro e inocente quanto eu.*


*Para ti muitas, para mim poucas, pois era apenas um vilarejo. Me pergunto como ficaria em grande cidades como Patlov ou Ekaternava.* - heh... *E poucas, mas felizes, elas nos acenam, talvez não reconheça ou sinta-se vagamente a mesma, pois nos entregam a gratidão. Momentos difíceis essa gente passa, presa e assustada dentro da própria cidadela, pois os lobos de Nevid agora infestam as estradas devorando caravanas desavisadas e como defesa, enquanto a ajuda não chega, contam apenas com a guarda local... Com Lazlo, o único Bogatyr e eu... Um Tyommy. A outra mão deixo em teu ombro pois belo eram teus gestos, tão temerosa... Se eu pudesse escolher, para sempre eu seria apenas seu mundo, para que sempre corra do mundo a sua volta a deseje ficar para sempre trancada comigo em nosso próprio mundinho. Tentador... Impossível.* - Hm? *Ora vejam...* [...] - Heh... *Cabelos negros balançam bagunçados na altura das orelhas, pois acaba de acordar.* - Oi! *Um aceno exagerado com uma das mãos ele cede,abrindo um largo sorriso sem algum dos dentes, e quando tuas mãos estende, ele faz o mesmo, sente então teus dedos entrelaçados com os do pequeno.* - Tá frio... *E lembrarias tu mesma quando a abraça pelas pernas, se encolhendo. A porta do lugar de onde ele veio novamente se abre e dele sai uma mulher.* - Yegor! Oh... *Ela bate os olhos em ti, e eles se arregalam. Ela inclina o rosto, levando às mãos a boca, parecendo incrédula com o que acaba de ver.* - Theus seja louvado... *Ela então abre um largo sorriso. Seus olhos chegam a ficar úmidos.* - A nomeada Smrti abençoa meu pequeno filho! *Ao ouvir aquilo, o restante dos que despertam se aproximam, bradando sussurros de admiração e louvores a Theus nosso senhor. Lazlo e eu nos entreolhamos.* - Smrti? *Lazlo balança os ombros, coçando a cabeça.* - Tanto tempo dentro da capela junto a ela, Kraisto, que não houve tempo de saber o que ocorre aqui fora. Veja... *Ele me aponta a ti. Que aos poucos pode ver-se cercada de pessoas.* - Aqui ela é conhecida como Smrti: A cria de Matushka.Eles se impressionaram com fato dela ter sido encontrada viva em Azov e a acham uma santa... *Outra mulher de ti se aproxima. Ela carrega algo nos braços, enrolando em grossos mantos de leve.* - Grande Smrti, abençoe meu bebê... Ele está doente... *E poderia ver algo muito menor do que o menino que a abraçava. Algo que apenas emite sons agudos e chora. Um bebê.*


-Sim, eu não gosto do frio...*Respondo para aquele pequeno e me encontro encantada quando junto minha mão a dele e não sinto receio algum nem medo como quando os grandes humanos de mim se aproximam e por um segundo meus olhos pertenceram à outra alguém que não meu senhor e sorrio pela primeira vez sendo receptiva, me comunicando sem precisar estar contigo, porém fora um instante breve, mágico sim, mas muito breve porque quando escuto a voz que o chama eu recuo e meus olhos observam a expressão da estranha e logo me encontro cercada e são tantos rostos e todos pertencem a mim, seus olhos me encaram e assim fico acuada e encolho meu corpo e se me puderes ver saberá que sinto medo...* -Não...*Sussurro quando me afasto do miúdo e acabo encantada com aquele pequeno nos braços de outra mulher, queria muito vê-lo melhor, sentir como seria tocá-lo, penso, mas teríamos que estar sozinhos e não assim tão sufocada em meu primeiro dia naquele mundo e tu poderá se assustar quando me vires correndo e não será em tua direção porque desconheço qual seria, não consegui te enxergar e então corro como fiz com aquelas criaturas na floresta fria, eu corro e não irei parar, não enquanto me sentir confusa e sufocada, escutando palavras que desconheço, tantas assim no mesmo momento, sim, correrei e não sei quando irá me acalcar, apenas sei que acabo caindo porque me enrolo na barra daquele vestido e sinto o chão que me machuca, o sangue que escorre dos arranhões em minhas mãos que limpo quando as passo pelo tecido cinza, mas continuam a manchar minha pele com aquela cor viva.*


*Por Theus juro que não fazia idéia da repercussão que tua estadia causaria, e não sei se isso é ruim, talvez se sinta em casa com tanta receptividade ou as pessoas te entregassem medo, mas a verdade é que nada sei sobre ti. Portanto, a palavra do povo pode ser verdade. Mas... * - heh... *É tão belo ver-te com a criança, mesmo quando a multidão se aproxima, o quão me orgulha ver que teu medo ao menos agora passa. Uma grande descoberta. Não temes crianças.* - Lazlo... *Ele cruza os braços, arqueando uma das sobrancelhas.* - Sim? *E sorri de leve.* - Lazlo, ainda... Lecionam crianças na capela? *Ele acena de leve com a cabeça.* - Mas, claro, Kraisto... Bem, acho q. *Tuas atitudes me interrompem.* - Angela! *Droga.* ANGELA! *Nada fazem para te impedir, apenas não entendem o que ocorre, mesmo Lazlo que embora imagine, coça a careca se perguntando o que há. Nenhum deles te entende como eu entendo, ninguém sabia do que eu sabia. E largo o machado fincado ao chão sujo de neve, afastando as pessoas com as mãos, e quando consigo ver-te, havia caído.Podes ver a tua volta, a entrada do condado de Kuloi, as mesmas casas e o mesmo gradeado o qual caímos no dia em que chegamos. E logo que cai, não demoras para ver meus passos em tua direção.* -... *O dia começa fora de meu controle, de leve me entrego ao desespero, me perguntando se foi à decisão certa trazê-la para fora e ao menos agora pareço desistir de fazer com que perca o medo das pessoas, pois agora sim a pego no colo, deixando suas pernas entrelaçadas em minha cintura, apoiando-a com um dos braços como sempre faço.* - Angela... *Olhos incrédulos enquanto com a outra mão escondo seu rosto em um de meus ombros, ainda de joelhos.* - Angela... *Droga, o que eu fiz?* - Ei... *Os lábios encosto em tuas bochechas.* - Ei... *E franzi o cenho, encostando nossos rostos de lado.* - Eu estou aqui...


*Eu ergui meus olhos e enquanto não chegas percebi que as construções seguiam como tu havias dito e aquela cor viva segue saindo de minhas mãos e acabo manchada de sangue o que tu não irá gostar, mas quando chegas sinto medo me deixar e então meus lábios se movem num sorriso que te oferto encolhida no aconchego de teus braços apoio a cabeça em teu ombro como sempre fizeste e gostei, ouvira meus suspiros e não terei lágrimas nos olhos, apenas medo neles e este me deixa quando tu chegas.*- Eu... Eu senti que estava doendo e não entendi o que diziam e procurei seu rosto, mas nada encontrei, mas não senti a mesma coisa pelo outro diferente que me disse estar frio, ele segurou minha mão, Kraisto viu? *Não precisa te assustar porque apenas te encho de perguntas como esta acostumado, não peço para voltarmos, nem choro, talvez com tempo me acostume com tantos em torno de mim, mas assim de maneira inesperada não consigo e falo ainda com meu rosto escondido em teu pescoço, enquanto minhas mãos te sujam com meu sangue, ficas como eu e gosto quando encostas teu rosto no meu, tanto que pela primeira vez procuro eu mesma pelos teus lábios e lhe repouso os meus com carinho e meu toque é tão suave quanto à neve caindo, quente como sol que nos aquece e assim eu sou, indecifrável para ti.* -Também estou aqui, tua Angela meu senhor Kraisto ...


- Sim, Angela... Eu vi. *Sorrio de leve, ouvindo-te.* - Saiu-se muito bem. *Meu rosto coloco a tua frente e teu leve beijo oferto. Logo esfrego minhas bochechas com as suas, voltando a abraçar-te.* - Venha... Vamos voltar. *A população ainda nos rodeia, pois ninguém entende o que houve, eles apenas observam. Eu me levanto contigo nos braços, diante deles. O menino de outrora se embrenha na multidão, ficando a minha frente. Muito tempo em silêncio, ele faz bico.* - Grande Smrti não gosta de mim? *Confuso, ele me olha, com sua mente inocente, realmente preocupado. Um suspiro a ele foi minha resposta.* - Ela... *Eu não sei o que dizer.* - Apenas... Precisa de um descanso. *Aos poucos caminho. Aos poucos, eles abrem caminho. Ainda surpresos, confusos, admirados, o que seja, mas a olham. Algo me diz que faço errado, sempre pronto a te erguer em meu colo, assim, quando sentes medo. Mas... Acho que percebo.* - Vá, Senhor Kraisto. Eu assumo a guarda daqui. *Não é mais uma questão de protegê-la do mundo, não é um senso protetor de tudo,eu apenas anseio por teu bem-estar. Simplesmente não suporto vê-la chorar. E tudo se mistura, minhas inseguranças, meu medo de não ensinar-te as coisas direito, com medo de que meu conhecimento não seja o bastante, o medo... O medo de mostrar-te o mundo. Isso... Medo.* [...] *Contou certa vez o primeiro Profeta, a seus súditos, uma pequena parábola. Ela versa sobre um homem que encontrou perdida uma mulher cega. Seu coração encheu-se de amor por sua beleza e de compaixão por sua condição e com tudo o que tinha, cuidou dela. Tamanho era seu amor por ela que um dia juntou as mãos e desejou a mais brilhante estrela que Theus devolvesse a visão dela. Tocada pelo amor e pela fé do pobre home, a estrela assim o fez... E a mulher voltou a enxergar. Ela bateu os novos olhos naquele que esteve todo o tempo a seu lado... Virou o rosto, achando-o feio e simplesmente o deixou.* -... *Temerosas são estas linhas que escrevo, pois enfim entendo meus medos. Medos egoístas, de fato. Eu temo por tudo que tudo dê certo.Que aprendas a viver neste novo mundo, que aprenda a viver com as pessoas, com o coração e a mente que agora chama de sua. E que quando o faça, para ti, eu me torne inútil... E que simplesmente vá embora. Ah, Theus... Apenas pensar nisso dói demais. * -... *O sol, como eu sabia, logo sumiu entre as nuvens pesadas, seria mais um dia de neve. Novidades: Ela não teme crianças. Isso me dá idéias. Mas não quero pensar em um próximo passo agora. Era hora de ser um pouco egoísta. Faltava muito para o anoitecer e minha vigília só se daria naquela hora. Hoje não caminho pelas ruas, não caminho na capela, ficarei neste quarto junto com ela. Em nosso mundinho o qual ela não deve se apegar. O mundo que eu desejaria por tudo. Poucos dias contigo e sinto que Azov cuspiu de sua natureza morta meu maior presente. Com sua maior benção, Theus bate a minha porta, e enfim percebo o quanto eu a amo. Eu a amo, Angela.* -... *Eu realmente a amo.*

 Cidade de Kuloi. Província de Rurik. 16 de dezembro de 1688.

Continua...























sábado, 11 de setembro de 2010

Fae Rebellion

Primeiro dia...

*Uma manhã sem muito calor vejo nascer na entrada de Kuloi, mas como eu esperava, o sol brilhou, mesmo que fraco. Em outras terras mais a oeste, ele brilha incessante com céu limpo e azulado, em planícies verdejantes e era neste cenário que eu de fato queria que tu pudesses estar... Para que vejas como podem ser belas as terras fora desta neve quase eterna. Mas é tudo o que temos.* - Humpf. * A vigília não me cansa, não preciso de sono, em verdade falo que ansioso me encontro e eu sei bem disso. Foi fácil manter-me acordado me perguntando se mais nada a havia assustado sozinha. Lazlo ofereceu-se para montar guarda para que eu pudesse passar a noite contigo, mas eu não pude aceitar. Como um Tyommy é meu trabalho.* - Heh... *E como eu havia prometido, a janela que tens no quarto exibe um brilho laranja e vermelho que bateria em teus olhos, semelhante à labareda de chamas fez ontem à noite, agora apagada. O frio ainda existe, mas não é tanto quanto a noite. Algo maior... Bem diferente do breu de outrora. Como eu havia prometido, abra teus olhos, e serei a primeira coisa que verá.* - Acorde... *A mesmas vestes ainda tenho, mas estas sujas de neve, assim como meus cabelos. Nas costas tenho preso aquele grande objeto que usei para machucar o lobo que tentou devorá-la.* - Vamos... *Ajoelhei-me aos pés da cama, ansioso... Eu acho. Talvez acordasse achando tudo normal, ou simplesmente com toda memória que deveria ter quando a encontrei. Temores que não sei de onde vem. Acho que também é o medo de te perder.* - Eu quero que veja algo... *Atrás de mim, encostado na parede, um grande objeto enrolado em pano negro. Ele não estava ali quando dormiu.*


*Eu adormeci e ainda não sonhei e sei que os sonhos existem porque escutava histórias sobre criaturas que se alimentam dos sonhos alheios e em meu mundo o criador não nos concedeu o sono e aqui ainda não sei e à medida que escutava tua voz despertei abrindo meus olhos inchados pelo sono, bocejando manhosa apenas com meu rosto fora das cobertas por causa do frio e estreito os olhos sentindo a luz que me afaga o rosto e fora quando me lembrei de tuas palavras sobre o sol que entraria pela janela e subitamente eu me sento e tu verás meu sorriso quando enfim consigo enxergar o que tanto me contou, o sol com seus raios quentes.*-Parece como os beijos de meu senhor...* Comparo tua boca ao majestoso sol e não consigo deixar de te chamar assim, embora conheça teu nome e animada com que descubro assim que acordo desvio então meu olhar para ti e agora a coberta deslizou sobre meu corpo repousando sobre minhas pernas e também uso a mesma roupa, apenas retirei a faixa de minha cintura, meus cabelos estão emaranhados porque não sei que devo escová-los e banho desconheço.*- Floresta branca, você trouxe um pouco dela contigo...* Digo levando uma de minhas mãos quentes aos teus cabelos frios e espalho a neve que teria sobre eles, os sentindo úmidos e observando os traços de teu rosto porque senti saudade, embora tenha para mim, passado rapidamente aquela noite.*-O que deseja que eu veja?* Enfim pergunto e não reparo no que trazes apenas o sol, por um segundo, conseguiu conquistar minha atenção quando tu esta comigo, mas logo perdi o interesse e pertenço somente a ti, ficando sentada de lado ao dobrar meus joelhos e assim te observo.*


- Heh... *Sempre as mesmas palavras... Aquele platonismo repentino me cativa de uma forma que não compreendo. E comedido, sem palavras, fechei meus olhos, sentindo tuas mãos tirarem a neve de minha cabeça. Não resisto, não posso ser imparcial contigo, e com prazer seguro tuas mãos com meus grandes dedos frios, aproximando o rosto e encostando minhas bochechas com as tuas, quentes como bem sei que seria. Selo nosso majestoso bom dia em um, dois, três beijinhos e com uma expressão sorridente que não percebo, começo a passar as mãos por teus cabelos bagunçados, tentando arrumá-los da melhor forma possível. Quase nada.* - Venha... *Pelas mãos te puxo, para que ficasse de pé. Minhas mãos deslizam devagar por teus ombros e podes sentir-me ajeitando com elas a bata marrom a qual te vestiram, inconsciente.* - Fique aqui... *A deixei de frente ao estranho objeto tampado e me coloquei entre tu e ele.* - Olhe bem pra mim... *Peguei tuas mãos e começo a passá-las por meu rosto.* - Este rosto... Estas formas... Este sou eu. Lembra-se de ter visto Lazlo e Marta antes de dormir, não lembra? Humanos, como eu... Embora diferentes. * Nunca um dia pareceu-me tão complicado, havia muito que tu tinhas que aprender. Mas em meio a tanta falta de jeito, eu tive uma idéia. E confesso que me surpreendi com ela.* - Muito bem. *E com um puxão, arranco a manta negra, fazendo-a deslizar pelo chão.* - Esta... É você, Angela... *E se veria de frente a um grande espelho.*


*Eu sinto tuas mãos pegarem as minhas e o contraste não é apenas no tamanho, pois as tuas estão frias e queria poder envolvê-las porque sei o quanto dói o frio, mas sorrio quando se aproximas, me encolho sentindo tua bochecha gelada fechando meus olhos como me ensinastes ao ser beijada suavemente o também aprecio, aprendendo mais uma vez contigo e sei que tentas ajeitar meus cabelos e não consegue mas para mim seriam teus carinhos que como sempre me cativa...Quando me ergues pelas mãos eu sinto o chão gelado e meus dedos se movem e começo a me sentir estranha, algo novo e achei que não mais me sentiria assim e é porque me deixas ansiosa quando desliza tuas mãos sobre meus braços e me pede – Fique aqui – e assim permaneço diante de algo que desconheço.* -Sim, é meu senhor Kraisto...*Digo enquanto meus lábios se movem num sorriso doce que tu conheces e minha cabeça se move afirmando que lembro de cada rosto que conheci no dia anterior e minha testa se franze quando me explicas o que são, todos humanos porém diferentes e enquanto penso aperto meus lábios, meu nariz delicado se move porque sinto vontade de coçá-lo e assim o faço parando apenas quando tu retiras aquela manta negra e consigo enxergar a mim mesma, não sei, pelo menos é o que disseres.*- Eu? *Indago enquanto me aproximo e em minha expressão não verás medo e sim a confusão que agora perturba minha cabeça e levo uma das mãos até ela porque sinto dor.*- Mas, porque me prendeu ali dentro, eu... Eu fiz algo de errado meu senhor? * Eu beijei teus lábios e me doei por inteira e agora me prendes e não entendo porque se ao mesmo tempo posso sentir minha cabeça e não gosto do que meus olhos vêem porque não sou bela, nem tenho brilho como o sol, não como a beleza de que me recordo dos tempos que vivia no Equilíbrio podendo enxergar minhas irmãs e eu imaginava que seria bela como elas.*


*Como imaginei.* - HAH! *As perguntas dela, respondi com leves risadas. * - Ora, Angela, veja... *Me lembro de ter ficado atrás dela, apontando meu próprio reflexo no espelho.* - Olhe ali. Significa que também estou preso lá, agora? *Pelos ombros a toquei, a virando para mim.* - Não está presa ali. Aquilo mostra exatamente o que tem a frente dele. No caso tu... Eu... Este lugar. Aquilo é um espelho. É como podemos ver a nós mesmos, pois pense... Sem aquilo, eu posso te ver... Mas não posso me ver. * E a virei novamente para o espelho.* - Existem outras coisas que podem te refletir. E vai poder ver a si mesma em vários outros lugares. Não se assuste... *Inclinei o rosto, passando as mãos por teus cabelos.* - O que há? Não se achou bonita? *Minha pergunta soou incrédula. Mesmo bagunçada pelo sono, meus olhos não conseguem deixar de admirá-la. Estes orbes de mar e cabelos dourados... Um verdadeiro anjo, como o nome que te dei.* - Não existe ser belo, Angela. Existe estar belo. Tu apenas não estás bela.*Não sei bem como fica as coisas por minhas palavras, me lembro que incessantes vezes me pergunto se minhas explicações são o bastante, eu nunca... Nunca me vi cuidando de alguém.* - Isso vai mudar. *Ao menos pressinto que acerto à hora quando vários passos escuto através da porta entreaberta, o movimento na capela começa.* - Senhor Kraisto? *Uma voz familiar acompanha um par de bochechas vermelhas e dengosas aparecendo atrás da porta.* - Ela está pronta? *A moça que vira ontem a noite dá passos pululantes pela escada, descendo o último degrau com um pulo, parando a frente de nós.* - Acho que ela não se achou bela. *A menina solta uma aguda risada.* - Mas é claro, porque foi mostrá-la no espelho logo ao acordar? Que coisa, Senhor Kraisto! *E ri de leve.* - Foi essa a idéia.* E virei meus olhos a ela.* - Vá. Elas vão te deixar bonita. E logo irá trazê-la de volta a mim. *Marta te estende às mãos, em um gesto infantil.*


*Eu suspiro ansiosa e nada digo enquanto me explicas e sim, consigo te enxergar junto a meu corpo e também aquele cômodo onde estamos, é estranho, diferente e me assustei naquele primeiro momento.*-Onde eu vivia não podia me ver, apenas as minhas irmãs e não me pareço com elas, não tínhamos isso, espelho...*Comentei com minha voz baixa sentindo tua mão movendo meus cabelos e me fazes aquela pergunta como se fosse capaz de entrar em minha mente e te respondo que sim, quando afirmo movendo minha cabeça e tenho noção de belo e feio, acredito que não importa o mundo, sempre existirão bem e mal, beleza e feiúra o que muda no meu caso são apenas os motivos, quero ser bela para me tornar perfeita para ti, mas disse que sou assim mesmo, então não sei mais o que pensar.*- Eu sou, mas não estou? *Tuas palavras me soam confusas na maioria das vezes, porém depois se formam em minha mente e compreendo e não importa porque pertenço a ti, terei também que me adaptar e não apenas tu a meu jeito... Escuto a voz que chama teu nome, iria me deixar? Mas logo descubro que não e estou diante daquela mulher novamente, ainda tímida, acanhada, pelo menos pareço ao me encolher sem olhar para ela, poderia mesmo me achar um bichinho e hesito quando vejo a mão estendida, dividida por desejar ficar bela, afinal sou fêmea e todas assim nascem com ânsia da beleza, mas ao mesmo tempo quero ficar contigo e meus passos recuam até encostar-se ao teu corpo - Vá. Elas vão te deixar bonita. E logo irá trazê-la de volta a mim – tuas palavras eu escuto e confio mesmo receosa acabo cedendo, sim, demoro, para mim é um passo de cada vez e assim aprendo feito criança começando a andar, repetindo o gesto dela estendo minhas mãos e seguirei, subindo as escadas sem desviar meus olhos de ti.*


*Marta me olhou de forma que pude ler o que pensava quando a viu encolher-se, encostando-se a mim... E me ver imediatamente abraçando-a como se a protegesse do que quer que sinta medo, ela sabe... Sabe o que eu também sei, mas não percebo, o quanto valor tens para mim dessa forma, do quanto acho que desejo deixar-te acanhada e com medo de tudo, de como desejo, ao menos agora fechar-nos em uma redoma onde possamos viver para sempre. Apenas eu e tu.* -... *Este pensamento me invade e me toma enquanto a vi subir as escadarias com Marta e me perguntei se ela notou, naquela hora, que me parte o peito o tempo que ficamos distantes, mesmo que sejam meros segundos. E nisso minha cabeça afunda, viaja até olhar para frente e me olhar no espelho. E notar que fiquei sozinho no quarto por tempo demais.* - Kraisto? *Outra voz familiar. Lazlo aparece na porta minutos depois que todos se foram.* - Eu estou bem, Lazlo. *Cada segundo... É uma eternidade longe dela.* [...]*que fosses sozinha e seguisse os próprios passos, e acho que, se tem alguém que possa guiá-los melhor do que eu ao menos agora. Era Marta.* - Ora, ora, vamos, não seja boba! *Acharias, como eu, a voz dela alta e aguçada? Acharias suas risadinhas agudas e sua fala rápida engraçada? Acharia seus gestos exagerados, como se estivesse sempre empolgada? Esta era Marta.* - Vamos dar-te um banho, e trocar esta bata de homem sem a mínima graça! E verá como uma pessoa "fica" bonita. E verás como ficará aos olhos de Kraisto. Isso parece importar tanto... Não é? * Era uma menina esperta... Eu não precisava dizer o que de repente entre nós havia despertado. Notarias coisas que eu ainda não havia dito, notaria como homens e mulheres de dividem, pois o lugar que fora levada apenas mulheres tinha... E talvez perceba que faziam isso para se despirem e limparem os próprios corpos, como fizeram ao tirarem a bata que cobria teu corpo e a colocarem em um grande bacia redonda de madeira. Esperava que presenciasse conversas, falatórios, risadas, amizades, visse que as pessoas não temem umas as outras, ao menos não ali. Sentisse o próprio corpo cheirar melhor... Sentisse o cabelo não mais incomodar o rosto, devidamente penteado e vê-los presos em um par de tranças. Sentisse os pés enfim protegidos do frio por um par de botas feitas de pele... E sentisse o corpo escondido novamente, mas por algo grosso, de tecido cinzento, mas bem mais leve... De modo que deixasse tuas pernas livres. Um vestido.* [...] *Pelos corredores a conduzem agora, não apenas Marta, mas algumas outras com elas, não sei como ela reagiria ao notar que não estava sendo levada ao pequeno quartinho onde dormira. Um par de grandes portas de madeira, com dificuldade, elas abriram. E eu estava lá.* -... *Claridade reflete em vitrais como aquele em teu quarto, mas são vários, espalhados pelo teto. Na verdade, eles eram o teto. Bancos de madeira pelos cantos marcados por um tapete vermelho que termina em uma espécie de mesa. Em cima dela, há um espelho. Circular e com belos detalhes, apesar de menor do que o outro.* - Venha... *E estendi as mãos.* - Olhe-se agora.


*Eu nada digo e mais pareço uma boneca carregada por aquela mulher de voz alta, agitada e tão diferente de ti e a sigo sendo conduzida e percebo que estou cercada de outras como eu lembrando do que em ensinou – humanos mas diferentes – sim, cada uma tem sua voz, os traços dos rostos, mas o corpo em formas parecidas com as minhas e diferentes das tuas e permito que retirem meus trajes porque desconheço a vergonha por estar nua, de que existe malicia, do que prazer que um corpo pode conceder ao outro e para mim existe apenas um o teu , não precisando me ensinar sobre fidelidade porque o que sinto me torna tua e o toque do outro parece me machucar e assim desnuda eu entro na tina e fico quieta com meus olhos assustados não entendendo o que elas falam, porque riem? Meu corpo é pequeno, sou magra, esguia e fico ainda parecendo um brinquedo porque me esfregam, secam e escovam meus cabelos molhados e atenta aprenderei cada gesto me sentindo como nunca antes agora exalando um perfume que aprecio e meus cabelos ganharam brilho e maciez presos a duas longas tranças que revelam meu rosto límpido de pele clara em contraste com o azul de meus olhos e me aqueço vestindo botas confortáveis e acabo com minhas bochechas rosadas e meus lábios mais avermelhados e aos poucos minha beleza surge como o sol quando atravessou a janela, tímido, porém cativando a todos e quando me vestem eu me toco, sim até mesmo rodopiando levemente percebendo o movimento do tecido cinza com as mangas largas que escondem meus dedos de mão que tu irás gostar porque estão quentes, macias, pois não grudam mais pela sujeira dos dias em que estive na floresta branca e assim volto a caminhar com aquelas mulheres, não me sinto como elas porque nada digo, nem respondo e tímida deixo escapar alguns sorrisos em certos momentos, me encolho, mas nada como seria Marta e toda sua empolgação, conhecendo o caminho que me levas para ti e empaco feito uma mula porque desejam me afastar de meu senhor, demoro, sim, novamente seria um passo de cada vez testando a paciência daquele que me ofertou gentilezas e sigo soltando a mão dela quando te enxergo e corro, muito e me verás bela e rosada, cheirosa de pele e cabelos macios diferente? Não, aqui estou quando encontrares meus olhos, a mesma Angela assustada e confusa, tua menina que ensinas a ser mulher e que se joga em teus braços antes mesmo que os erga, tua e de ninguém mais, sofrendo como tu quando estão distantes.*- Me olhar? *Quebro aquele silêncio somente contigo e me contemplo no espelho levando uma das mãos até meu reflexo e não reconheço mais aquela de antes, apenas enxergo a bela Angela com traços de anjo e cabelos longos que passam de sua cintura, lindamente trançados e com os fios bagunceiros caindo sobre os olhos encantados.*-É a tua Angela meu senhor Kraisto...


*Uau...* -... *Palavras balbucio, mas não digo apenas largo o machado que faz um som irritante ao cair no chão, quando tento apoiá-la em meus braços e novamente carregá-la. O que é este sentimento que tens, surgindo do céu como flocos de neve? Por vezes eu me perguntava, por vezes a mim e a Theus em silêncio, enquanto apenas acompanho teus gestos, meus braços a pegavam pela cintura, a colocando no chão, tão leve... Tão bela. Tão cheia do amor que repentinamente cresce, acho que é ela quem me conduz, Theus...* -... *E igualmente feliz fico ao ver que meus planos deram certos, não queria que se visse bonita de primeira, pois poderia assustar-se quando se visse feia. Poderia achar que sua aparência nunca mudaria, e não se preocuparia em não ficar feia... Se preocuparia em não ficar bonita. É... er, isso mesmo.* - Ahm... *Tantas coisas a pensar, tantas dúvidas que me pego coçando a cabeça confuso enquanto a observo. E minhas dúvidas cessam com tuas palavras que aquecem meus ouvidos como a mais bela fogueira. Marta leva as mãos junto ao rosto, inclinando a cabeça, belo aos olhos dela* - Minha... *Do chão meu machado observa. Dos portões, Marta aos poucos se afasta, e do céu a luz refletida nos vitrais ilumina, tudo aquilo me invade, repentino imaginava a cada detalhe, naquela manhã em que tudo se resumiu apenas a estender as mãos.* - Minha. *Convicto deixei que minha voz soasse na capela, e tua cintura novamente enlaço em meus braços, a erguendo no colo. Deixando-a de frente, nossos lábios juntei. Bem devagar, embalar nossos rostos nesta dança que tu descobre e eu redescubro.* - Minha... *Próximo ao teu rosto, meus lábios se dobram em um sussurro.* - Minha...


*Meus sorrisos te oferto quando me seguras pela cintura e em meus olhos enxergará o mais puro sentimento que brotou na floresta branca quando achou que eu seria um fantasma e me perco por um longo momento contemplando meu rosto naquele espelho e não percebo como me olhas encantado, apenas quando tua voz chega aos meus sentidos e desvio meu olhar acompanhado de um sorriso e sempre irei de encontro aos teus braços quando me chamares e sou erguida, apreciando estar contigo e sentir a luz tão forte que ilumina aquele lugar, distante de onde nos conhecemos, me sinto diferente porque nada mais dói, não com a mesma intensidade de quando me salvou e fecho meus olhos assim que nossas bocas se tocam e eu desejo a tua como quando me alimentou com mingau, faminta estou por teus beijos e saberá disso porque sou jovem, meus lábios se envolvem entre os teus e deixo que sinta minha língua, pois procuro pela tua, contornando teu pescoço com meus braços e sentiras o cheiro gostoso de minha pele agora tão alva e macia, terminando aquele beijo como sempre faço, com pequenos toques como se não quisesse afastar.* -Fome, sinto fome Kraisko...* Eu te peço e com tempo irá perceber que entendo teus ensinamentos e que me fazes bem porque irei aprender tudo sobre teu mundo e em poucos dias me tornou em alguém com um nome, sentimentos e ainda bela, como poderei desejar outro.*- Posso aliviar a fome agora, mingau eu gostei porque tem o sabor de tua boca...*Sempre comparo um traço teu a algo que descubro, sempre sendo algo bom e assim fico fitando o contorno de teus lábios ansiosa pela espera de minha resposta.*


*Com as palavras dela, havia restado apenas às coisas mais simples. Coisas que havia até me esquecido.* - Fome... *Tão encantado fiquei com ela que me dei conta de que também sentia fome, também sentia sono, da vigia ainda não havia parado para descanso. Mas nem isso me soou importante, na hora.* - Claro... *Novamente como outrora fiz com que tramasse as pernas embaixo de meu braço, deixando-o dobrado de modo que servisse de acento.* - Pense em fazer isso de vez em quando também senhor Kraisto... *Marta me mostrou a língua, e sem jeito rio, de fato... Estava sujo de neve e ainda com as vestes de ontem. Com a mão livre, ergo o machado, deixando-o em pé de frente a mesa com o espelho do altar. E em passos leves caminho contigo em direção a saída da capela. E naquela manhã, tive certeza que não importa de onde veio... Não importa o que era. Eras um presente que Theus lançou-me dos céus direto em Azov, onde quase encontrei a morte. Theus tem um plano para todos nós, eu sei. Mas a meu ver isto não é um plano. É simplesmente um prêmio. E havia muito a mostrar... Muito a ensinar. Tudo é mais difícil quando não posso resolver com golpes de machado. E simplesmente, enquanto escrevo, agora, penso... Mas não tenho idéia por onde começar. E dessa forma não mais tanto me incomoda, como se a nós fosse dada a eternidade, pois a sinto em cada segundo com ela. O tempo nunca me foi tão curto para me descobrir completamente encantado... Completamente apaixonado. Sinto que estas linhas serão mais felizes agora.*

Cidade de Kuloi. Província de Rurik. 15 de dezembro de 1688.


Contiuna...

sábado, 28 de agosto de 2010

Fae Rebellion




O nascimento de Angela Azov...

*Desperte, o frio se foi.* -... *Acolchoada em algo macio e confortável, com cheiro de tecido velho e enrolada em algo cinzento que a mantém aquecida. As peles que a envolviam foram trocadas por vestes largas e marrons, amarradas com uma faixa branca a sua cintura, uma bata. Bem diferente das florestas mortas e frias, pode se ver cercada por paredes de pedra. O chão é duro, mas também frio. O vento gelado ali não corre. Algo brilha bem próximo a ti e dessa coisa brilhante há calor. Labaredas quentes dançam dentro de um buraco na parede iluminando o recinto, alimentadas por pedaços de madeira. No topo do pequeno quarto, uma janela exibe serena a neve que insiste em cair. Mas cujo frio estava longe, agora. Lugar pequeno... Seria escuro se não fosse à chama brilhando na parede. Uma escada logo a frente da cama dá acesso a uma porta. Ninguém como tu ou como as pessoas que vira outrora. E nem sinal de seu senhor. Estava sozinha. Debaixo da porta, uma luz. E algumas sombras passam por ela, acompanhando o som de passos. Sussurros, vozes, poucas conversas. Havia gente por perto.*


*Eu desperto e sinto meu corpo aquecido numa sensação que não consigo explicar movendo meus pés cobertos e sobre algo macio que me conforta, mas me sento rapidamente quando em minhas lembranças encontro meu senhor, um tanto assustada percorro aquele lugar com meus olhos ainda abatidos e nunca vi uma parede ou mesmo aquilo que brilhava iluminando e aquecendo, curiosa me ergo e ouso aproximar uma de minhas mãos apenas parando quando sinto que me fere.*- Ai...*Sim, o fogo machuca, mas aquece, cozinha, ele cobra seu preço pelo afoitamento de quem deseja tocá-lo e agora eu descubro isso, ficando a caminhar por aquele lugar, ajoelhando diante das labaredas que dançam num buraco na parede e aquilo parecia me seduzir, sim eu amo o calor e como meu corpo fica quando diante dele, mas ainda tenho a imagem de ti em meus pensamentos.*- Meu senhor? *Perguntei quando as sombras pareciam passar pela pequena fresta daquela porta e eu não sabia como abri-la, o que seria uma porta? Então fico deitada sobre os degraus e tento inutilmente enxergá-lo medindo com minha mão ainda ferida o espaço e meu coração sofre, minha barriga dói e meus pés queimados pelo frio voltam a sangrar porque não consigo parar ansiosa por estar contigo, feito animal distante de seu dono.*



“- Ora essa, sem memória! Perdida em Azov, criatura boa, eu te digo, não é! - Não me parece ser diferente, mas não sei dizer. Parece nunca ter visto o mundo aqui fora. - As portas de Misdreavus se abrem, primeiro os lobos Nevid, e agora isso...? - Os Villian estão entre nós, Lazlo... - Espere, espere..." *E as vozes lá fora cessam.* - Eu ouvi algo... *As sombras que se movem pela luz embaixo agora despertam sons ocos de passos até formarem-se embaixo da porta. A grande porta de madeira se abre. Uma figura surge ofuscada pela luz.* - Ei...? *E, bem, não sou eu.* - Moça? *Uma delas veste roupas vermelhas e grossas. Nas costas tem preso um machado, como eu tinha. A voz dele é grossa e ele tem pelos vermelhos na cara... E nenhum na cabeça.* - Levante-se do chão, moça, está frio. O que faz fora da cama? *Ele se ajoelha, fazendo menção de tocá-la.* - Ela... *Outra voz soa e uma sombra aparece logo atrás.* - Ela não... Morde? *Esta muito menor, veste roupas largas e marrons, como as tuas. Esta tem pelos na cabeça, presos em duas longas tranças. Feições delicadas, voz aguda, bem semelhante a ti.* - A-aqui... *Ela carrega algo nas mãos. Uma espécie de tigela com algo fumegando. Também havia calor... E havia cheiro.* - Tens... Ahm... Fome? *E ela estende a tigela.* - Ora, Lazlo, a segure! Ela pode voar em cima de mim! *O homem agachado ri.* - Não seja boba, Marta. Está bem agora, mocinha... *Ele sorri de leve para ti.* - Tens um nome?
 


*Eu fico sobre as escadas e sinto frio porque são geladas, mas prefiro assim e quando esta se abre me assusto porque diante de meus olhos não te encontro e quem seria aquele? Nada respondo apenas o fitando e observando com a expressão confusa seus trajes e tudo que o cerca e escuto as palavras que me dizes, porém nem tudo entendo.*- Meu senhor, onde está meu senhor? Ele ficou junto do frio e sinto falta de seu calor, onde ele está porque ficou entre vocês, eu me lembro...*Eu pergunto e estranho quando vejo aquela fêmea, sim eu consigo distinguir o quanto são diferentes e sigo sentada sobre o chão, não me movo nem mesmo quando sinto o cheiro agradável e talvez meu corpo tenha acostumado com a fome porque na floresta branca pouco conseguia comer e tudo era gelado, restos que encontrava e desesperada comia movida pelo mais puro instinto e meus pés sangram manchando chão, ainda arroxeados, com rachados provocados pelo tempo que andei sobre a neve e a tigela daquela mulher eu não seguro, apenas meus olhos claros se movem tendo os fios dourados a encobrir parte do meu rosto de lábios ressecados.* - Fome o que seria? E nome nunca me deram, meu senhor perguntou se eu seria um fantasma, mas depois disse que sou real então seria eu moça? *Lembrei de como se referiam a mim quando aquela porta de madeira se abriu e angustiada desejo encontrar um nome, mas não mais que a meu senhor.*
 


- Seu senhor...? *O homem coça a cabeça, completamente confuso.* - Bem, eu... Não sei! Olha... Tu estavas perdida em Azov, pelo que me disseram... Se pertencia a algum Boyar, ele a abandonou lá! *A mulher o cutuca com um dos ombros.* - Será que ela fala de Kraisto? *Ele dá de ombros.* - Fome? Ora, fome é fome! Sabe... Ahm... Fome! Matas a fome comendo! *A mulher chega a rir de leve.* - Minha nossa... De onde saiu, mulher? Parece que... Acaba de nascer... *A luz que vem da porta aberta mostra uma terceira sombra.* - Deixem... *Ofusca um corpo que bem conheces. A voz é rouca, mas familiar... Reconhecer-me-ia.* - Eu cuido dela. [...]*Vestes negras escondem meu corpo, possuem barras e mangas também largas. Uma faixa roxa as prende na cintura e um capuz roxo eu coloco para trás. Meu rosto abatido como o teu e cansado, nestes olhos azuis saltam leves olheiras, mas estes lábios secos te dão um sorriso sereno.* - Heh... * Grandes e grossas sandálias fazem um som estalado enquanto desço as escadarias em tua direção. Parei a tua frente, me abaixando, de frente a lareira, para que me reconheça.* - O que temes? *Inclinei o rosto.* - Está bem, agora... *Sei o quanto saiu de Azov confusa, palavras para explicar-te não seriam o bastante. Eu as troco por um par de mãos enfaixadas que se estendem em tua direção, meus dedos se movem em menção de que se aproxime. Sinta meu calor... Queres tanto quanto eu. E flagelos e arranhões em meu rosto não apagam o quanto me sinto feliz em ver-te.*



-Perdida? Não, meu senhor não me abandonou, ele caiu sobre o frio e vocês apareceram...* Não entendo o que dizem e desconheço os risos, o que faz com que os lábios se movam provocando aquele som que vindos da mulher me despertam algo novo e seria a irritação porque pareço não dizer nada enquanto falo tudo e isso me deixa frustrada porque somente meu senhor poderia me compreender e eu as tuas palavras e meus olhos notam a terceira sombra e meus ouvidos te escutam claramente e assim ti reconheço e contigo aprendo novamente porque agora é minha boca que te recebe com um sorriso, o primeiro desde que te conheci e meus olhos abatidos como os teus se iluminam tão claros quanto meus cabelos emaranhados entre meus lábios ressecados.* - Meu senhor...* Te chamo e à medida que se aproxima de mim fico mais agitada, inquieta como uma criança prestes a receber seu mais precioso presente e o meu são conseguir ver teus olhos e escutar a voz rouca que me acalma e assim esqueço os outros que te acompanham e quando tuas mãos se erguem em minha direção não hesito saltando sobre teus braços, procurando alento entre eles, encolhida como se fosse me carregar, como se estivéssemos ainda na floresta branca.* -Temo não mais sentir teu calor meu senhor porque esta terra me assusta, eu falo e é como se nada dissesse porque não me entendem e eu não consigo saber o que me dizem, meu corpo dói ainda e não consigo saber porque, aqui, bem aqui...* Te explico o que me atormenta e entenderá quando mostro minha barriga e falo da fome, sei que contigo conseguirei aprender sobre tua terra, teu povo, porque confio em tuas palavras e somente nas tuas e o faço pois fora quem me salvou da morte.*



*Não contenho a expressão satisfeita ao ver-te pular em meus braços, e a envolvo com eles, és tão leve como outrora... Tão quente, agora.* - Pronto... *E com gosto a ergo em meus braços, como uma boneca grande, a aperto contra eles, deixando tuas pernas em volta de minha cintura. Um dos antebraços se apóia em suas nádegas, para que possa usar de assento. O outro apoio no chão, me levantando.* - Eu estou aqui. *Em seguida a levo a tua nuca, deixando sua cabeça deitada em meu ombro, tentando fazer com que, enfim, se acalme.* [...] *À noite bem mais tranqüila só nos é mostrada pela pequena janela no topo daquele frio quartinho. A neve serena mancha a janela, bem mais fraca do que quando estivemos lá fora.* - O que há com ela, senhor Kraisto? *A porta aberta revela um corredor com mais daquele brilho quente que a machucou, espalhados em pedaços de madeira, fazendo uma fila que segue até uma escadaria, onde alcança a vista.* - Eu não sei Lazlo... Eu a encontrei vestida em reles peles vagando sozinha por Azov... *Andei contigo até a cama onde estava deitada, me sentando nela. Tuas pernas ajeito deixando-a sentada de lado em uma de minhas coxas. Um de meus braços a envolve na altura da cintura.* Seria ela uma Vilinski...? *E, pego uma de tuas mãos, vendo-a levemente queimada. Logo presumo que tenha se encantado com o fogo e tentou pegá-lo. É confuso, isso não me surpreende... Mas ao mesmo tempo, sim. Porque ages como um animalzinho assustado? Não entendo... E nem eles.* - Me deixem com ela. Irmã Marta, me entregue isso... *E enquanto te ajeito com um dos braços... O outro toma em mãos a estranha tigela fumegante e cheirosa. A porta bate atrás de nós, e no lugar quente apenas a nós.*[...] -Vamos... *Mexer de leve em algo cremoso com um estranho objeto de metal.* - Abra a boca... *Algo cinzento e um pouco viscoso. Mas bem cheiroso.* - Mastigue... Engula. Vamos. *E levei até sua boca. Conheça o maravilhoso Mingau.*



*E eu me acalmo quando tu me envolves em teus braços e sinto teu cheiro, a voz rouca que consigo entender apoiando minha cabeça em teu ombro enquanto caminhas para cama em que despertei e devo mesmo parecer estranha, uma louca, insana tomada pela solidão fria da floresta branca, mas não, apenas nasci em outro mundo, pertenço à outra existência e pelo castigo de meu criador condenada a uma vida mortal e sangro como tu, morrerei como os teus, não tenho poder, nem força, sou apenas uma jovem como as que já conheceu e ao mesmo tempo única, porque nada sei de tuas terras e a pureza encontras em meus olhos azuis tão claros.*- Achei que pudesse tocá-lo, mas ele me feriu quando o fiz, porque meu senhor? Porque se me aquece, não entendo meu senhor me conforta e também irá me ferir? * Pergunto quando tu seguras minha mão queimada pelo fogo e fico a mover meus dedos sentindo os teus, contigo conheci tantas coisas e uma delas é o toque, aprecio tua pele e o mover de tua boca quando falas comigo e fico sentada sobre tua coxa, meus cabelos são longos, dourados caindo na altura de meu quadril, os fios finos escorrem sobre meu rosto e é assim que te observo, com meus olhos azuis perdidos entre eles.*- O que é isso? *Sim, te encho de perguntas por que anseio entender teu mundo e aprenderei rapidamente porque sou esperta, inteligente, mas ainda assustada quando estou distante de ti e tímida não chego a desviar meus olhos para os outros que estavam conosco naquele cômodo e abro minha boca quando aproxima aquele objeto de metal e mastigo e engulo como me pedires e sempre o farei, sentindo então o sabor que aprecio e atiça a fome que já me consome e assim achego meu rosto de encontro à tigela e tu podereis perceber minha agitação, pois não ouso tocar, mas ergo minhas mãos e logo as repouso sobre meu colo, inquieta esperando que novamente me alimente.*



- Não... *Calmamente vou respondendo tuas perguntas, não é um grande trabalho, e uma hora eu ia ter que fazê-lo. Mas eu apenas não seria o bastante, eu sei.* - Aquilo é fogo. Eu não sou fogo. *Mas estou tão bem aqui, agora, então... Por que não?* - O fogo não se controla. É apenas algo natural. Ele não pode escolher não machucá-la. Pessoas podem escolher não machucar. Pessoas como eu. *E encostei a colher morna na ponta de teus lábios, sorrindo de leve.* - E como tu. Aaah... *Faço menção de que abra a boca, antes de afundar a colher no doce fumegante e levá-lo novamente a sua boca.* - Isso se chama alimento. Comida. Serve para espantar a dor que sentias. Isso chamamos de fome... *E outra colherada levo ao prato, retirando-a e levando até sua boca.* - Cada vez que o dia passar irá sentir isso algumas vezes. Logo se acostumará. E quando acabar... *E começo a remexer o caldo com a colher.* - Vai sentir os olhos pesaaaados... *Sorri de leve.* - O corpo mole... E então vai querer algo macio e vai conhecer algo chamado sono. E vai desejar algo macio para descansar o corpo, como este aqui. *Apontei a cama em que estávamos sentados. Vendo-me de longe, talvez me achasse bobo. Mas eu mesmo não faço idéia do que achar disso tudo.* - Mas agora. Eu quero que me diga. *E voltei a olhá-la.* - Como foi parar onde a encontrei? Me diz que alguém a mandou para lá. Quem foi? Dizes-me que a chamaram de imperfeita. Quem? O que era perfeição para quem a julgou imperfeita? Diga-me o que lembra... Tudo o que lembrar.



*Meus olhos azuis e pertencem e acompanham cada gesto enquanto me explicas o que passo a entender porque como disse, sou esperta e com o passar dos dias notará que aprendo rápido precisando de uma única explicação e sozinha com meus pensamentos juntarei tudo como num grande quebra cabeça e assim formarei teu mundo que agora desconheço e minha boca também pertence a ti e se abre ansiosa a cada instante em que aproxima o objeto de metal e mastigo e engulo deixando meu rosto próximo da tigela porque ainda sinto fome, minha barriga dói e agora conheço o que me ensinas – alimento, fome, sono, cama macia – saberei quando sentir e aprecio tua terra onde as coisas podem ser nomeadas, apenas eu sigo sem nome.* -Meu criador mandou partir abrindo a fenda e assim cai sobre o frio na floresta branca como uma mortal, disse que sou sua mais imperfeita criação porque perguntei como seria sentir calor e como pertenço ao equilíbrio não poderia, pois em meu mundo não existe frio ou calor, os mantemos sempre com mesmo peso ou deixamos de existir, porque assim não mais existiria o equilíbrio e eu cai vagando em sua terra e me sentia triste até encontrar meu senhor com quem conheci o calor e aprendo sobre teu mundo, como agora que me explicas o que passo a entender e sinto medo que meu senhor também me ache imperfeita porque não quero deixá-lo, gosto do que sinto quando estas perto de mim, de escutar tua voz e o teu toque mesmo quando era frio eu apreciava...* Eu falo enquanto me alimentas e não te acho bobo porque desconheço o que seria, cada gesto teu eu admiro e sabes porque meu olhar não desvia do teu e meus lábios que aos poucos retomam a cor rosada se movem em sorrisos tão doces quanto o mingau que me ofertou e falo do que sinto por ti com a mais pura e até mesmo assustadora sinceridade, talvez quem escutasse dissesse que o amo, o que não seria mentira já que apenas sinto como me ensinaste, sinto sem medo quando contigo.*



*Então viestes de outro mundo. Incrível.* -... *Meu semblante assume uma surpresa contida quanto tuas palavras ouço. Estranhas coisas fazem sentido nesta minha mente tomada por lembranças. As histórias sempre dizem que as florestas Azov são os portões para Misdreavus, reino de Matushka. Dizem que neste reino há todos os tipos de Villinski que podemos imaginar. Creio então que irmã Marta não estava errada. Será uma Villinski? Condenada a ser uma reles humana por um crime que a meu ver parece tão... Pequeno.* -... * Logo que faço menção de falar, meus ouvidos se enchem com tuas palavras sobre mim mesmo, e elas me encantam. Sim, me encantam, talvez seja algo da humanidade que teu criador julgava imperfeita, sou apenas um escravo da fúria que guiava cruelmente com meu machado. Nos braços de Theus achei meu caminho, e a justiça tem sido meu credo. Mas... Nada disso me priva de sentir-me sozinho.* - Eu... *Aos poucos... Tímido.* - N-não... *Se forma um sorriso.* - Não me chame de meu senhor. Existe algo que talvez conheça. Nome... *E encostei minha testa a tua.* - O meu nome é Kraisto. É assim que deves me chamar. Pelo nome. E a meu ver... *E levei uma das mãos a teu rosto.* - Teu criador me fez um grande favor... *Levanto teu rosto com os dedos, a olhando.* - Pois tentou atirá-la ao esquecimento, mas a atirou direto em meus braços. E a meu ver... *E sorri de leve.* - Em ti, não há nada imperfeito. És boa pra mim... Assim.
 


*Eu escuto teu nome pela primeira vez e meus lábios novamente se movem num sorriso sutil e sinto tua testa encostando-se na minha e assim aprecio ficar com os fios dourados entre meu rosto de faces rosadas, pois agora não sinto mais frio ou fome, logo nem mesmo o abatimento de meus olhos terei mais e tudo porque encontrei a ti.* -Kraisto...*Repito tuas palavras e minhas mãos mantenho sobre o colo enquanto a tua afaga meu rosto, o ergue e meus olhos azuis seguem somente teus e escuto as palavras que aliviam minha alma porque descubro que para ti sou perfeita e não mais condenada a solidão serei e quem sabe agora não me encontro tão temerosa como quando abriram a porta e me deparei com rostos que não eram o teu.* -Também é bom para mim Kraisto e poderia me dar um nome? Porque começo a entender que tudo em teu mundo o tem, então não desejo mais ser o nada e disse que não sou fantasma, me chamaram de moça, posso ser chamada assim, moça? *Relembro algumas palavras que escutei, mas não sei como poderia me chamar e agora que existo em tua terra anseio em ser como os teus, para assim fazer parte de tua vida e se tudo tem nome, apenas ser o nada me parece pouco. Eu pergunto e como estamos tão próximos ergo uma de minhas mãos mornas que tocam tua boca e levemente contornam teus lábios enquanto falas e assim o faço para explorar o desconhecido e descubro que gosto de como são macios, úmidos, diferente do restante de tua pele e agora meus olhos fitam teus lábios à medida que meu dedo desliza pelo contorno perfeito, sim, assim é para mim, perfeito.*- Como chama? *Eu indago sobre tua boca e ainda te encherei de perguntas nos próximos dias e espero que tenha paciência porque sou curiosa e me sentindo segura ousarei fazê-las e te toco, sinto, cheiro, mas não conheço a relação entre um homem e uma mulher, não sei os limites e espero que tu me ensine porque teu corpo é atrativo para o meu.*



- Não. Moça não é um nome. *Tantas perguntas me fazes cujas respostas são tão simples que não existem e uma delas é este toque que me entregas, eu sei bem que tu não sabes o que significa, explicar-te seria duro, porque veja... Eles me agradam.* - Pensarei em um nome... *Mais do que qualquer sentimento, a sensação de ser forte, um trabalho que superar resistência que ganha, nada mais era tão difícil do que te por no caminho certo, e este não é ele. Não a meu ver. E meus pelos se arrepiam, chego a ter bem leves espasmos ao sentir teus dedos e entreabro meus lábios rachados. Calmamente deixei a tigela quase no fim embaixo da cama.* - Feche os olhos... *E não hesito quando uma de minhas mãos levo a tuas costas, arranhando-as de leve para cima e para baixo, enquanto a outra envolvo em teus ombros. Calmamente a puxa para mim.* - Assim... *E meus lábios encostei-me aos teus. Meus dentes se fecham entre um deles, mordendo-o de leve. Com vontade, faço a língua passar por teus lábios, roçando em seus dentes a procura da tua. A fogueira que baila nossas sombras juntas na parede. Seus galhos queimam, ela começa a diminuir.*
 


*Meu sorriso se estende, alarga quando te escuto dizer que pensará em um nome e ficarei ansiosa esperando por este dia, o de escutá-lo porque é para mim como sol para as plantas, essencial agora para que eu me torne como os teus e sim, estamos muito próximos e eu aprecio, meus dedos exploram tua boca e a sinto mais molhada quando entreabre teus lábios rachados e quando olhares em meus olhos saberá que não tenho medo, que gosto tanto quanto tu e não preciso entender, conhecer o que pode existir entre homem e mulher, sigo meu instinto e o que meu corpo sente e enquanto não tiver dor estarei contigo porque a temo depois que conheci a impiedosa floresta branca.*- Como quando tenho sono? *Te demonstro que sou esperta e logo entenderei teu mundo quando sozinha descubro o que me pedes e assim o faço sem hesitar porque confio em ti e sinto que puxas para perto e eu vou, sim, sentindo que tocas teus lábios nos meus e eu me assusto, porém fora uma sensação breve porque não afasto os meus apenas me encolho entre teus braços e acomodo tua língua entre eles e a sinto quando começo a mover meus lábios molhando os teus e o faço porque gostei e não sei por que, mas meu corpo quer mais e sim, tu sentirás minha língua macia, morna e minhas mãos que te apertam quando as repousa em tua cintura e tu pode não saber, mas acende algo em mim que eu desconhecia porque eu seguiria te amando mesmo se nunca me beijasse, seria fiel a ti, somente a ti meu senhor e única como nenhuma outra mulher porque o seria sem precisar me tocar, conceder nada em troca apenas teu calor em forma de abraços, mas agora me mostrou um caminho sem volta.*



*Luz que balança em labaredas de fogo mostra nossos toques em forma de sombras, há quanto tempo, não me lembro... Senti outro calor. Meu refúgio na fé, em missões me dadas uma após outra, sem tempo a pensar, ou não me conceder. Lembranças no lixo jogar, esvaziar a mente, me concentrar. Pouco tempo me resta para ver o tempo passar. O tempo não é nada aqui.* - Sshhh... *E desencosto meus lábios dos teus, sorrindo de leve.* - Isso... Chama-se beijo. Uma demonstração de afeto. Esta coisa que a faz sentir-se tão bem comigo. E tão bem me faz estando aqui. Esta coisa que me faz querer estar contigo e apenas contigo. Isto que sinto e sei que sentes, também. *A luz balança... Tremula. Sinto que esta fogueira não durará muito.* - Um nome... *Pensativo.* - Um nome... *Passo a mão por teus cabelos, os enrolando em meus grossos dedos.* - Que nome te cairia bem? *Algo em ti me deixa claro. A pele muito branca, estes cabelos dourados, lembram as muitas ilustrações nos vidros coloridos das capelas, seres alados bradando armas de fogo, soldados de Theus... Anjos. Sim, eu me lembro. Eisen, um reino daqui distante, tem um nome para meninas assim, como tu... Que se assemelham a anjos.* - Angela... *E voltei a olhar-te.* - Isto é um nome. Acha bonito?



*Quando afastas tua boca da minha a busco por um instante num toque breve e demoro para abrir meus olhos e quando o faço tens meu sorriso e uma de minhas mãos tocam teus lábios novamente porque agora não desejo apenas o calor do teu abraço, mas também dos teus beijos.* - Afeto, eu gostei de como o que sinto se chama e também do teu beijo porque parecia que eu havia deixado meu corpo e pertencia somente ao teu, foi bom como ser acolhida na floresta branca...* Sincera eu deixo exposto o que sinto sendo esta uma marca minha que ninguém poderá mudar pois aprenderei tudo sobre teu mundo, porém nunca serei totalmente como os teus, carrego algo em minha essência que ninguém encontrará nestas terras porque nasci em outra existência.*- Cairia bem? * Minha voz é sempre baixa, parecendo a de uma menina embora tenha o corpo de uma mulher, sim, sou pequena, mas mulher e sorrio com teus dedos grossos que prendem meus cabelos dourados e macios, deixando teus lábios e assim seguro tua mão com as minhas e a sinto tão forte, grande, diferente da minha ainda atenta ao que dizes e quando escuto o nome que me escolheu eu paro, meus olhos encontram os teus e em meu sorriso tu verias a resposta.*- Angela...Angela...Angela...*Eu fico a repetir porque gostei a ponto de me empolgar e agora conheço os risos pois assim que fico em teu colo, rindo baixo com meu rosto escondido entre os fios de meus cabelos.*-Meu nome é Angela, eu gosto meu senhor, gosto de ser chamada assim, Angela.



- Azov? *Aquela floresta morta possui tantas tristes histórias, não há ser vivo em Ussura que não sinta medo dela. Por isso, quando a vi, tive medo... Pensei ser um fantasma. Tantas perguntas sobre ti eu tenho, tu eras a máxima prova de que realmente há um mundo além deste, és um Villinski... No ocidente, possuem outro nome... Se não me engano, Fada. Por enquanto é uma doce menina, que tão feliz se agita com seu novo nome, e não hesito em rir enquanto meus braços novamente te pegam pela cintura.* - Então este é seu nome. Angela Azov. *Mais tarde, vivendo em Ussura, talvez arrancasse sustos e sinais da cruz por ter este sobrenome.* - Isso... *Mas não creio que devas se esquecer de onde veio para que um dia as pessoas saibam que até mesmo Azov pode esconder algo bom em suas mortas e geladas florestas.* - Agora... *Eu a tiro do meu colo, me levantando. Ainda contigo nos braços, a deito na cama.*- Tá vendo ali? *Apontei a janela.* - Logo vai sentir-se ligeiramente fraquinha. O sono vai chegar. E logo achará algo chamado dormir. Vai sentir piscando os olhos. E um bom tempo terá passado. *Acariciando teus cabelos, a cubro com os lençóis velhos.* - Uma luz vinda ali da janela irá acordá-la. E conhecerá algo chamado sol. Uma bola de fogo muito, muito maior do que aquilo... *Apontei a fogueira.* - Mas está fora do seu alcance. Não irá machucá-la. E assim que acordar. Novamente estarei aqui. *E me levantei.* - E a levarei para conhecer as coisas lá fora. Sim?



*Gosto quando me ergues em teus braços e apenas me entristeço porque me deitas sobre a cama macia e não a divide comigo, mas por quê? Como sabes eu não conheço o limite e para mim tudo pode ser possível, espero apenas nunca envergonhá-lo com meus gestos espontâneos repletos da mais pura inocência.* -Sim...*Eu respondo e meus olhos desviam para onde me indicas e vejo a janela e atenta como sempre serei escuto tuas explicações, sorrindo quando me afagas os cabelos me cobrindo e assim sinto meu corpo aquecido.*- Sol, meu senhor falou sobre ele e anseio vê-lo ainda mais se não irei me machucar e voltaremos a floresta branca? Se fores eu irei porque sempre o acompanharei, mas sinto medo quando estou lá e não gosto do frio porque sinto dor, podemos então ficar aqui ao invés de conhecer as coisas lá fora? *Te pergunto encolhida escondendo minhas mãos por debaixo das cobertas e meus cabelos se espalham sobre o colchão parecendo raios de sol e com meus olhos azuis te observo intensamente, existe desejo neles e apenas porque tu me mostraste o calor de tua boca.*



*Em meus olhos não escondo, igualmente a desejo... E como nos teus há dúvidas, o meu tem anseio.Difícil é deixar-te, eu sinto. Meus dedos passeiam por teu rosto, pousando a ponta dos dedos em teus lábios. Tuas palavras me fazem rir de leve.* - Tu não precisas mais voltar a Azov, Angela. Apenas eu preciso. *Aperto de leve as cobertas em teu corpo. Sei que tens muito a aprender, imagino que na mente tens apenas coisas confusas, me pergunto se tomá-la como minha é realmente o ato certo. Mas olhe para nós.* - Lá fora nem sempre é frio e há lugares bonitos, de forma que minhas palavras não podem mostrar-te. Irás ver. *Nesta hora, juntei nossas mãos, mesmo que as tuas estejam por baixo das cobertas. Inclinei meu rosto de leve, encostando minha testa na tua.* - Muito tempo teremos... *Meus dedos dançam de leve por teu rosto, pousando novamente em sua boca. Desconheces nomes, mas percebe sentimentos. Então faça isso agora.* - Teremos um para o outro. E há tanta coisa que ainda devo mostrar-te...*Perceba, quando uma de minhas mãos acaricia teus braços, por cima das cobertas. Perceba o flagelo cruel esta maldição de Legião que chamamos de carne... E perceba que igualmente a desejo. Que esta coisa inexplicável que sentes, podes ver em mim, também. Mas há outras coisas a serem feitas agora.*-Há vidas ali fora. Há pessoas como eu e tu. Elas estão em perigo... Como tu estavas sozinha em Azov. Correm o risco de serem mortas por outros daqueles bichos que vimos na floresta, lembra? *Selei nosso desejo com mais um beijo. Devagar, enquanto acaricio teus cabelos.* - Estarei de volta antes de amanhecer. Verás o quanto o sol é quente. E teremos o resto do dia inteiro apenas para nós. Eu e tu. Seja uma boa menina... *Repentina percebo a malícia em minhas palavras, chego a piscar os olhos, confuso, mas me dou conta... De que não desaprovo o que faço. É minha Angela.* - Durma bem. *Minha... Só minha.*[...]* Uma última olhada em ti, eu dou do topo da escada. Dói-me o peito deixá-la sozinha, e apenas me dou conta de que sinto isso agora. A noite inteira queria estar contigo, mas a vigia me espera. Os lobos de Nevid sempre viveram em Azov... Atacavam apenas desavisados dentro da floresta. Mas agora, por algum motivo, suas matilhas estão cruzando a floresta e atacando vilas com cada vez mais freqüência. E é meu dever investigar, foi o que me trouxe onde estamos agora. E esta noite, em minha mente tenho a ti. Decerto ela seria a mais longa que já tive.*


*Eu observo teu rosto enquanto fala comigo e meu sorriso é somente teu quando me tocas os lábios e fico encolhida sobre a cama macia e realmente sinto o sono que me ensinou porque estou no aconchego protegida com a tua presença e se pudesse dividir a cama comigo eu dormiria como num sonho de que não mais sairia.*- Então espero ansiosa para conhecer o que deseja me mostrar, mas não gosto de pensar que estará na floresta branca Kraisto, porque quando te vi caindo sobre o frio e os estranhos me levando eu senti dor dentro de mim e não era fome...* Sim eu falo da sensação da perda, do medo que aprendi contigo e chegara junto ao amor que agora tenho incondicional ao meu senhor, que embora seja Kraisto sempre o verei como meu senhor, uma serva? Não, porque escolhi estar junto a ti e sinto quando aperta as cobertas, encostando tua testa na minha, porque tenho o mesmo desejo de apertá-lo, como se pudesse entrar em teu corpo e nos tornarmos um somente e tu saberá disso porque meu peito arfa quando ficas assim tão próximo e tuas palavras atiçam a sensação que tenho, não que sinta apenas excitação, são belas palavras que alimentam o amor e é isso que sinto quando falas sobre nós.*- Eu nunca vou esquecer aqueles bichos, nunca...* Achei que não ganharia um beijo e quando penso nisso sinto tua boca sobre a minha e ansiosa anseio por mais e tu sentirá o quanto sou desejosa, inquieta quando provocas meus sentidos e ergo levemente a cabeça em busca de teus lábios, mas tu irás mesmo me deixar e algumas das coisas que diz eu não entendo ainda, talvez sonhe que estou sendo afogada por nomes porque é o que tenho em mente, um mar deles e meu olhar é teu e não o desvio suplicante enquanto te observo me deixar sozinha e quando fechas a porta eu me levanto e o faço sem dizer nada, apenas caminho de encontro a porta e sento sobre o chão encostando minha cabeça como se pudesse escutar um último som teu ou sentir o cheiro que gosto e ficarei assim por muito tempo, apenas retornando para a cama quando o impiedoso frio me castigar a ponto de não mais suportar e sem demora adormeço.*


Continua...










quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Pequeno trecho...


Suas mãos fortes cobriam meu rosto, afagavam minha face, senti as costas tocando a parede fria, a respiração dele intensa em meu ouvido e sua boca me beijando, quase me roubando o fôlego em movimentos firmes que uniam as línguas como se fossem apenas uma, dançando em sincronia, movidas pelos meus gemidos e seu corpo forte cobria por inteiro o meu, ergui a cabeça para conseguir encontrar aqueles olhos em fúria e novamente as mãos fortes me tocaram, me levantando pela cintura e fora quando senti que estava dentro de mim e a cada movimento minhas costas roçavam contra a parede úmida, sim doía, mas não ousei gritar que chega, não... Minha pele transpirava deslizando os fartos seios sobre a dele, confortáveis naquele ritmo imposto por aquele que me tomava sem pudores e então sua boca mordiscou meus lábios e excitada abri meus olhos percebendo que estávamos numa masmorra, meus pés descalços sentiam as pernas dele sobre o tecido grosso de suas vestes, o cheiro que exalava de seu corpo mesclado ao daquele lugar podendo escutar os gritos de agonia distantes, o calor da fornalha quase conseguindo ouvir com nitidez o som da lenha crepitando e fora quando a voz dele ecoou pelos meus sentidos me buscando, me trazendo novamente para aquela união, intensificando seus movimentos me obrigando a senti-lo – Minha, será sempre minha – Sussurrava enquanto sentia seu prazer extremo me inundando com volúpia assim como seriam seus beijos e pressionada contra a parede gélida gozei vencida, rendida, feito escrava submissa entregue ao deleite de seu senhor, de seu doce algoz.

Autora: Carla Regina



A manta aquece meu corpo enquanto meus olhos fitam horizonte
O peito arfando ansiosa pelo retorno de quem não consigo enxergar

Sentindo que o destino me reserva apenas uma certeza
Solidão.
Posso sentir teu sofrer quando vento toca meus cabelos
Quando som das árvores parece trazer teus sussurros
E quando toco meus lábios vazios, solitários com ausência dos teus
Fecho meus olhos porque sei onde te encontrarei,
Porque existe um lugar onde nenhum mal poderá destruí-lo
Somente um recanto onde estamos protegidos para todo sempre,
Meu coração.



Autora: Carla Regina

Rei do meu coração



Acordei e não senti o calor de teu corpo ao meu lado,
Segui teu cheiro trazido pelo sereno vento
Aquele que nos cativa pela manhã.

Quando meus olhos encontram tuas formas
A brincar com as águas frias do rio
Digo a mim mesma,
"És belo meu amado"

O sorriso chega aos meus lábios,
Secos por desejar os teus
Pois em cada beijo encontro o céu,
Como quando voamos juntos sem destino
Sedutor dragão...

Autora: Carla Regina